Com ruas cheias, Brasilândia lidera mortes por vírus
Com o maior número de mortes confirmadas ou sob suspeita de coronavírus em São Paulo (54), a Brasilândia, distrito pobre na zona norte da capital, mantém a rotina de ruas cheias e comércios não essenciais abertos.
são paulo | agora Apesar de liderar o número de mortes por Covid-19 ou por suspeita da doença na capital paulista, a Brasilândia, na zona norte, continuava com as ruas movimentadas entre a manhã e a tarde desta sexta-feira (17).
A região já registrou 54 mortes causadas pelo novo coronavírus, segundo balanço divulgado pela Prefeitura de São Paulo na segunda-feira (13).
Nas favelas do distrito, a reportagem viu moradores nas ruas e comércios não essenciais abertos, como barbearias e bares, gerando aglomeração.
Moradores do bairro afirmaram que, aos fins de semana, são organizadas festas na comunidade. Fora dela, em ruas comerciais da região, a reportagem também flagrou bares e cabeleireiros abertos.
O operador de supermercado Alex Ferreira Silva, 30 anos, aguardava um ônibus para ir ao trabalho, por volta das 12h30, na saída da comunidade, e afirmou estar assustado com a pandemia e pelo fato de o bairro liderar as mortes pelo vírus na cidade.
“Eu só estou na rua pois preciso ir trabalhar. Uso álcool em gel sempre que pego transporte público e tomo todas as medidas de prevenção quando volto para casa”, afirmou.
Já uma atendente de telemarketing, 22 anos, que pediu para não ter o nome publicado, afirmou não se importar com as medidas protetivas. “Sinceramente, só uso o álcool em gel na empresa, pois somos obrigados. Fora de lá, não me importo”, admitiu.
Em Sapopemba, na zona leste, segundo distrito com mais mortes na capital, com 28 casos, o microempreendedor Anderson Maciel Fonseca, 40, diz que a mulher, uma técnica de imobilização hospitalar de 32 anos, está internada no Hospital Emilio Ribas com a doença.
Ele disse que o filho do casal, de 5 anos, seu enteado, de 15, e a enteada, de 18, manifestaram sintomas do coronavírus. Todos estão em quarentena.
A prefeitura afirmou usar carros de som com mensagens de conscientização sobre a pandemia nos distritos das subprefeituras, além de divulgar informações em suas redes sociais.
“A administração também realiza ações de conscientização junto ao comércio da região [de Brasilândia], alertando sobre a importância do isolamento”, diz trecho de nota.
Até o momento, 143 estabelecimentos não essenciais foram interditados na capital paulista por não acatar a decreto de fechamento, sendo dois na região da Brasilândia.
No dia 28 de março, o prefeito Bruno Covas anunciou que em maio deverá inaugurar o Hospital Municipal da Brasilândia, que terá 150 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).