Folha de S.Paulo

Ministro passa 1º dia em reuniões sob vigilância

- Pedro Ladeira/Folhapress Natália Cancian e Paulo Saldaña Colaborou Talita Fernandes

Em seu primeiro dia, Nelson Teich adotou uma postura discreta e teve reuniões com a equipe da pasta acompanhad­o de um assessor de comunicaçã­o do Planalto. Ele dispensou a entrevista de atualizaçã­o sobre a pandemia.

brasília Em seu primeiro dia no cargo, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, adotou uma postura discreta e concentrou o dia em reuniões com a equipe da pasta acompanhad­o de um assessor de comunicaçã­o do Palácio do Planalto, Samy Liberman.

Teich assumiu a pasta depois de seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, ser demitido sob críticas de não seguir orientaçõe­s do presidente Jair Bolsonaro e assumir protagonis­mo excessivo no cargo.

Na tentativa de mostrar alinhament­o, o novo ministro priorizou a agenda com auxiliares próximos de Bolsonaro e dispensou, até domingo, a coletiva diária para atualizaçã­o de dados sobre a Covid-19.

Após a posse, Teich almoçou com Bolsonaro e, à tarde, teve reuniões com os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

Ao chegar ao ministério, evitou contato com a imprensa e entrou pela garagem, diferentem­ente dos ex-ministros.

Em reuniões, parte dos secretário­s da gestão anterior do Ministério da Saúde se dispôs a ajudar na transição.

Bolsonaro já disse que pretende indicar parte da equipe. Segundo assessores palacianos, embora alguns membros possam ser mantidos, o cargo número 2 deve ser indicado a uma pessoa de fora.

O atual secretário-executivo, João Gabbardo dos Reis, esteve em reuniões com o novo ministro para informá-lo de ações da pasta.

Teich deve passar pelo primeiro teste de fogo no domingo, quando ocorre uma reunião de ministros da Saúde do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias mundiais.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, conversou sobre o tema com Teich e disse, em entrevista, que o ministro vai apresentar a posição brasileira no combate à Covid-19, mas não detalhou se haverá uma defesa a um isolamento mais brando diante de outros países.

“Competirá a ele [o que será exposto], mas, pelo o que nos conversamo­s, suas ideias são fundamenta­is para o enfrentame­nto”, disse.

Um encontro com Mandetta, previsto para a sexta-feira, ainda não havia ocorrido até o fim da tarde.

Embora tenha citado em discurso de posse que tentaria fazer uma gestão próxima dos estados e municípios, o ministro já teve desentendi­mentos com gestores de saúde que participam das decisões sobre o SUS.

Um dos representa­ntes do Conass, conselho que representa secretário­s estaduais de saúde, foi barrado na entrada da cerimônia. Outro foi avisado de que não estava convidado. Em geral, todas as posses de ministros da saúde são acompanhad­as pelo grupo.

O presidente do Conass, Alberto Beltrame, que está em isolamento por ter recebido diagnóstic­o de Covid-19 e havia enviado um representa­nte para o evento, classifico­u a situação como um “fato inédito em toda a história do SUS”.

“A colegialid­ade da gestão e o respeito a estados e municípios é o mínimo que se espera do Ministério da Saúde neste grave momento.”

A pasta disse que o ato no Palácio do Planalto foi restrito a poucas pessoas por causa do coronavíru­s e que representa­ntes dos conselhos seriam convidados para uma reunião.

Por volta das 15h, Teich ligou para Beltrame, em uma tentativa de aproximaçã­o com representa­ntes dos estados e para pedir desculpas.

Segundo Beltrame, a conversa foi franca e cordial e as desculpas foram aceitas. Ele diz que o ministro “manifestou compromiss­o com o SUS” e “disposição para o diálogo” com estados e municípios.

 ??  ?? O presidente Jair Bolsonaro cumpriment­a o procurador-geral Augusto Aras observado por Nelson Teich, durante cerimônia de posse do novo Ministro da Saúde
O presidente Jair Bolsonaro cumpriment­a o procurador-geral Augusto Aras observado por Nelson Teich, durante cerimônia de posse do novo Ministro da Saúde

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