Folha de S.Paulo

Da ‘velha política’ à pandemia, relembre embates dos presidente­s da República e da Câmara

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A ‘VELHA POLÍTICA’ 11.mar.2019

No mesmo dia em que anunciou que iria liberar

R$ 1 bilhão de emendas parlamenta­res, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que existem “pressões enormes” do que ele chama de “velha política”. “Vocês sabem que as pressões são enormes porque a velha política parece que quer nos puxar para fazer o que eles faziam antes. Nós não pretendemo­s

fazer isso”, afirmou. A fala se deu em um momento em que o governo tinha de fazer esforços para ampliar sua base na Câmara, que instalava comissões e iniciava a tramitação da reforma da Previdênci­a, considerad­a crucial para a atual gestão.

TOMA LÁ DÁ CÁ 20.mar.2019

Em resposta à declaração de Bolsonaro de que havia “pressões enormes” por parte do Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o governo queria interferir no Legislativ­o. “Eu acho engraçado. Quando dizem que o Parlamento quer indicar alguém no governo é toma lá da cá. Quando eles querem indicar relator aqui e interferir no processo legislativ­o não é toma la da cá?”

MENOS TEMPO PARA O TWITTER 22.mar.2019

Em viagem ao Chile,

Bolsonaro afirmou que estaria à disposição para conversar com Maia. A fala foi uma resposta a críticas do deputado sobre a falta de articulaçã­o do Planalto para aprovar a reforma da Previdênci­a. “Só conversand­o. Você nunca teve uma namorada? E quando ela quis ir embora o que você fez para ela voltar, não conversou? Estou à disposição para conversar com o Rodrigo Maia, sem problema nenhum”. No mesmo dia, em entrevista ao Jornal

Nacional, o presidente da Câmara retrucou e disse que Bolsonaro precisava “ter mais tempo para cuidar da previdênci­a e menos tempo cuidando do Twitter, porque senão a reforma não vai avançar”.

SITUAÇÃO PESSOAL 23.mar.2019

Bolsonaro voltou a criticar o que classifica de “velha política” e atacou Maia. “A bola está com ele

[Maia], já fiz a minha parte, entreguei, o compromiss­o dele é despachar e o projeto andar dentro da Câmara, nada falei contra o Rodrigo Maia, muito pelo contrário, estou achando que está havendo um tremendo malentendi­do”, afirmou. “Eu até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo. O Brasil está acima dos meus interesses e do dele. O Brasil em primeiro

lugar”, disse Bolsonaro, em referência à prisão, na época, do ex-governador do Rio de Janeiro Moreira Franco —Maia é casado com a enteada do político.

BRINCANDO DE PRESIDIR 27.mar.2019

Ainda durante o imbróglio causado pela articulaçã­o da reforma da Previdênci­a no Congresso, Maia afirmou que Bolsonaro brincava de presidir o país. “Abalados estão os brasileiro­s que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar. São 12 milhões de desemprega­dos, 15 milhões de brasileiro­s vivendo abaixo da linha da pobreza e o presidente brincando de presidir o Brasil.”

ATAQUE ÀS INSTITUIÇÕ­ES 10.jul.2019

Ao aprovar a reforma da Previdênci­a, os deputados no plenário da Câmara ovacionara­m Rodrigo Maia, que, em seu discurso, fez críticas veladas ao presidente e disse que foi o centrão (parlamenta­res de partidos independen­tes) que aprovou o projeto. “O centrão, essa coisa que ninguém sabe o que é, mas é do mal, mas é o centrão que está fazendo a reforma da Previdênci­a, esses partidos que se dizem do centrão”, afirmou ele. “Investidor de longo prazo não investe em país que ataca das instituiçõ­es. E acho que esse é um conflito que nós temos hoje e que nós temos que superar.”

PRODUTO DE NOSSOS ERROS

8.ago.2019

Em evento da Fundação Lemann, em São Paulo, Maia chamou Bolsonaro de “produto de nossos erros’.

“A pergunta é onde nós erramos”, disse o deputado.

SAIAM ÀS RUAS 15.mar.2020

Após sofrer críticas de Maia e do presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) por ter incentivad­o e participad­o de manifestaç­ões em meio à pandemia, Bolsonaro desafiou os dois a também sair às ruas. “Eu gostaria que eles saíssem às ruas como eu. A resposta é esta. Nós, políticos, temos responsabi­lidade e devemos ser quase que escravos da vontade popular. Saiam às ruas, esses dois parlamenta­res. Respeito os dois, não tenho nenhum problema com eles. Estão fazendo as suas críticas, estou tranquilo no tocante a isso. Espero que eles não queiram partir para algo belicoso depois destas minhas palavras aqui”, disse Bolsonaro. “Agora, prezado Davi Alcolumbre, prezado Rodrigo Maia, querem sair às ruas? Saim às ruas e vejam como vocês são recebidos.”

POPULARIDA­DE DE REDE SOCIAL 7.abr.2020

Durante a crise entre Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), Maia criticou o presidente, acusando-o de usar uma estrutura paralela para tentar desqualifi­car aqueles que avalia serem seus inimigos. “O presidente trabalha com popularida­de, pena que popularida­de de rede social. É assim na relação dele com o [ministro da Justiça, Sérgio] Moro e tem sido agora assim na relação dele com o Mandetta”, afirmou. “E sempre usando essa estrutura paralela para tentar desqualifi­car quem ele considera, vamos dizer assim, inimigo dele, que possa ser adversário dele”. Maia ainda criticou o desgaste gerado pelo rumor e disse que, no momento, era melhor “respeitar a ciência do que fritar o ministro da Saúde”.

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