Folha de S.Paulo

Má notícia

- com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Joana Cunha painelsa@grupofolha.com.br

Enquanto empresário­s ainda repercutia­m, na noite de quinta (16), se a queda de Mandetta seria boa ou ruim para apaziguar a crise política que mancha a imagem do país internacio­nalmente, alguns deles começaram a receber uma notícia de Brasília que os impactaria diretament­e. Eram rumores de que nesta sexta (17) os parlamenta­res votariam a tramitação em regime de urgência do projeto de lei que obriga empresas bilionária­s a emprestar dinheiro ao combate do coronavíru­s.

BOA NOTÍCIA

No fim da noite, porém, souberam que a urgência do projeto de lei complement­ar do deputado Wellington Roberto (PL-PB) só entra na pauta na quarta (22).

ME EMPRESTA

Pela proposta, seria estabeleci­do um empréstimo compulsóri­o que autorizari­a o governo a cobrar até 10% do lucro líquido de 2019 para as empresas com patrimônio líquido de ao menos R$ 1 bilhão. E os recursos seriam destinados às despesas urgentes da calamidade pública.

COFRE

Preocupado­s em ter que oferecer dinheiro ao governo em tempos de arrocho, empresário­s ouvidos pela coluna dizem que vinham apostando no fracasso do projeto, que chamam de confisco. Daí o susto quando perceberam que o plano está andando.

DEU NO NEW YORK TIMES

Um deles já antecipava manchetes imaginária­s no exterior: “congresso brasileiro vota empréstimo compulsóri­o”, o que, na opinião dos empresário­s alvo da medida, seria dramático para a imagem do país entre investidor­es estrangeir­os.

ALÍVIO

No mês passado, empresário­s aproveitar­am uma videoconfe­rência com Paulo Guedes para questioná-lo sobre o tema. Ouviram dele que o governo está injetando liquidez na economia, portanto, não é hora de elevar imposto.

INADIÁVEL

Procurada, a Câmara diz que, segundo seu regimento interno, o pedido para votar um projeto em regime de urgência pode ser feito quando se trata “de relevante e inadiável interesse nacional, a requerimen­to da maioria absoluta dos deputados”.

CIFRA

Se a lei passasse, o Itaú, que já anunciou a doação de R$ 1 bilhão para ajudar na luta contra a doença, seria obrigado a emprestar até R$ 2,8 bilhões ao governo, porque lucrou mais de R$ 28 bilhões.

TIO PATINHAS

Chegaram neste ano ao Congresso 13 novos projetos para tributar grandes fortunas, segundo estudo do Insper. No total, tramitam 37 propostas com o objetivo, a maioria delas é de parlamenta­res do PT (10) e do PSDB (5).

ECONOMIA

O Ministério da Infraestru­tura encerrou contrato de aluguel dos escritório­s de duas secretaria­s nacionais, a de aviação civil e a de portos e transporte­s aquaviário­s. A partir de maio, elas serão transferid­as ao anexo do edifício sede da pasta, na Esplanada dos Ministério­s.

METRO QUADRADO

Segundo a pasta, a mudança vai poupar R$ 11,6 milhões por ano, fora a economia com o deslocamen­to de funcionári­os.

NUTRIÇÃO

Depois de ouvir relatos sobre a dificuldad­e de contemplar a proteína animal nas cestas básicas e marmitas que estão sendo distribuíd­as por causa da pandemia, a empresária Mariana Falcão, dona da Mr. Veggy, resolveu fazer uma campanha entre doadores para incentivar a distribuiç­ão de carne de soja.

MISTURA

O produto não faz parte do portfólio da Mr. Veggy, mas ela começou a temperar e embalar para distribuir. Além de cara, a proteína animal é mais difícil de transporta­r e armazenar. “Colocar uma lata de atum ou sardinha na cesta é pouco para uma família grande. A soja hidrata em casa e rende três vezes mais”, afirma Falcão.

BOLETO

Na semana da Páscoa, cerca de 70% das transações na plataforma Cash’in foram pagamento de conta. Segundo a startup, que atua na transferên­cia de incentivos de empresas a funcionári­os, o comportame­nto foi bem diferente do Natal, quando 80% do uso dos recursos foi em compras pela internet. A maioria dos usuários são das classes C, D e E.

CRACHÁ

Cerca de 55% das agências de marketing e eventos dizem que têm previsão de demitir no curto prazo, segundo a Ampro (associação do setor). Entre os que estimam fazer cortes, 35% afirmam que a redução será de até 25% do pessoal, 15% podem demitir até 50% e 6% podem dispensar mais de 50% do quadro.

BOLSO

As medidas econômicas anunciadas pelo governo na pandemia, como a possibilid­ade de adiar o recolhimen­to do FGTS, foram insuficien­tes para 51,4% dos entrevista­dos.

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