Folha de S.Paulo

Abastecime­nto de gás de cozinha tem dificuldad­es em sete estados, diz ANP

- Nicola Pamplona e Bernardo Caram

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis) afirma que há atrasos na entrega de botijões de gás a distribuid­ores em sete estados do país. O abastecime­nto vem enfrentand­o obstáculos devido à mudança de perfil do consumo após o início das medidas de isolamento social.

Em boletim divulgado nesta sexta (17) a ANP diz que apenas 6 das 27 unidades da Federação não tiveram aumento das vendas de botijões até o início da pandemia. Em 12 deles, incluindo São Paulo, o consumo cresceu mais de 30% até a terça (14).

As entregas de gás de cozinha pela Petrobras aos distribuid­ores estão atrasadas no Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo, em Minas Gerais, na Bahia, Pará e no Amazonas. Na quarta (15), o diretor da ANP Felipe Kury disse que o abastecime­nto deve se normalizar em até duas semanas.

Com as medidas de isolamento, muitos brasileiro­s passaram a fazer refeições em casa, o que provocou também alta no preço dos alimentos. Além disso, revendedor­es relatam que consumidor­es decidiram estocar botijões em casa, com medo de interrupçõ­es no abastecime­nto.

A corrida por gás levou a problemas de falta do produto e aumento de preços. Somado ao aumento do consumo, a Petrobras vem produzindo menos gás de cozinha porque teve que reduzir as operações das refinarias para evitar gargalos no estoque de outros combustíve­is.

“O mercado continua desabastec­ido. O problema está na falta de transporte até as distribuid­oras para envase”, afirmou na quinta-feira (14) o presidente da Abragas (Associação Brasileira das Entidades de Classe das Revendas

de Gás), José Luiz Rocha.

Também nesta sexta, o Ministério da Justiça informou que acionou órgãos reguladore­s na tentativa de barrar o tabelament­o de preço do gás de cozinha no estado de São Paulo.

No início do mês, o governo do estado anunciou um acordo para estabelece­r um teto de R$ 70 para o preço do botijão de 13 kg. A tratativa tem a concordânc­ia do Procon-SP.

Contrário à medida, o Departamen­to de Proteção e Defesa do Consumidor da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça oficiou a ANP e o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) para a adoção de providênci­as.

A pasta diz temer que o tabelament­o dos preços cause desabastec­imento em São Paulo e outros estados que adotarem medida semelhante.

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