Vírus já matou mais de 150 mil no mundo
Marca foi atingida em cerca de 3 meses; pandemia atual deve superar as estimativas mais precisas sobre mortos na de H1N1
são paulo A marca de 150 mil mortes pelo coronavírus no mundo inteiro, batida nesta sexta (17), indica que a pandemia atual deve superar as estimativas mais precisas sobre o número de mortos da pandemia de H1N1 (ou de gripe suína, como ficou conhecida).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) contabilizou cerca de 18 mil vítimas do vírus que provocou uma pandemia em 2009, mas esse número só contempla os casos que foram comprovados com testes em laboratório.
Em 2012, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estimou que o número real de mortos do H1N1 deve ter sido de 151.700 a 575.400. Fazendo a média geométrica desse intervalo, chega-se a uma estimativa aproximada de 300 mil mortos.
Essa marca, no entanto, foi atingida após 16 meses de epidemia, enquanto a marca de 150 mil mortos está sendo atingida pela nova pandemia cerca de três meses após a primeira morte registrada de coronavírus, em 11 de janeiro.
O ritmo de avanço do coronavírus impressiona. Foram 50 mil mortos nos primeiros 84 dias, e bastaram oito dias para se atingir a marca de 100 mil mortos, há uma semana.
Levando em consideração que a gripe suína tenha matado 300 mil pessoas, é possível estimar, extrapolando os casos registrados, que, no seu auge, ela matava 2.000 pessoas diariamente no mundo. O coronavírus já causou 7.000 mortes em um único dia.
Pesquisas baseadas em modelos matemáticos estão tentando prever qual será o total de vidas levadas pelo SarsCoV-2. Segundo um estudo que guiou as políticas públicas no Reino Unido, feito pela Imperial College de Londres, o número de mortos poderia chegar a 40 milhões no mundo em 250 dias num cenário sem nenhuma medida para combater a pandemia. Só no Brasil haveria 1 milhão de pessoas mortas pelo novo coronavírus.
Estimativas mais atuais da maior epidemia de gripe do século 20, que ficou conhecida como gripe espanhola, causada por um tipo agressivo de H1N1, indicam que ela tenha vitimado 17 milhões de pessoas no mundo todo.
No entanto, os resultados do estudo feito no Reino Unido levam a crer que o cenário da gripe espanhola não deve se repetir com o coronavírus, já que as medidas de isolamento da população que estão sendo adotadas pela grande maioria dos países reduzem drasticamente o número de vítimas.
O impacto dessas medidas depende do momento em que cada país ou região deu início ao isolamento. No melhor cenário, caso todos os países tivessem adotado medidas precocemente, a previsão para o número final de mortos seria de 1,8 milhão no mundo.
Esse e outros modelos que estão sendo desenvolvidos por diversas instituições de pesquisa pelo mundo são constantemente revistos conforme o vírus avança e mais dados são coletados.
O comunicado emitido pelo governo sugere que as informações foram suprimidas até que as autoridades julgassem sua divulgação “oportuna”.
O texto diz que a revisão se deu “de acordo com o quarto parágrafo, o artigo 38 da Lei da República Popular da China sobre Prevenção e Tratamento de Doenças Infecciosas, que estipula que ‘as informações sobre a situação epidêmica de doenças infecciosas serão divulgadas de maneira oportuna e precisa’; o terceiro parágrafo, artigo 25 do Regulamento sobre Preparação e Resposta a Perigos Emergentes para a Saúde Pública, que estipula que ‘as informações devem ser divulgadas de maneira oportuna, precisa e abrangente’”, diz o texto.
O trecho seguinte do comunicado, no entanto, ressalta que as leis chinesas também obrigam as autoridades a corrigirem dados estatísticos incompletos ou que apresentem “erros óbvios”.
Além disso, o governo defende que o número de casos no início da epidemia sobrecarregou os médicos e o sistema de saúde, causando, inclusive, a morte de pacientes em suas casas, atrasando a computação dos dados.
“E devido ao rápido aumento de hospitais, incluindo afiliados a empresas e os particulares e improvisados, algumas instituições médicas não estavam ligadas à rede de informações.” O governo também admite que houve computação de mortes duplicadas e erros em registros.