Folha de S.Paulo

Vírus já matou mais de 150 mil no mundo

Marca foi atingida em cerca de 3 meses; pandemia atual deve superar as estimativa­s mais precisas sobre mortos na de H1N1

- Fábio Takahashi, Guilherme Garcia e Simon Ducroquet Com informaçõe­s do The New York Times e Xinhua

são paulo A marca de 150 mil mortes pelo coronavíru­s no mundo inteiro, batida nesta sexta (17), indica que a pandemia atual deve superar as estimativa­s mais precisas sobre o número de mortos da pandemia de H1N1 (ou de gripe suína, como ficou conhecida).

A OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) contabiliz­ou cerca de 18 mil vítimas do vírus que provocou uma pandemia em 2009, mas esse número só contempla os casos que foram comprovado­s com testes em laboratóri­o.

Em 2012, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estimou que o número real de mortos do H1N1 deve ter sido de 151.700 a 575.400. Fazendo a média geométrica desse intervalo, chega-se a uma estimativa aproximada de 300 mil mortos.

Essa marca, no entanto, foi atingida após 16 meses de epidemia, enquanto a marca de 150 mil mortos está sendo atingida pela nova pandemia cerca de três meses após a primeira morte registrada de coronavíru­s, em 11 de janeiro.

O ritmo de avanço do coronavíru­s impression­a. Foram 50 mil mortos nos primeiros 84 dias, e bastaram oito dias para se atingir a marca de 100 mil mortos, há uma semana.

Levando em consideraç­ão que a gripe suína tenha matado 300 mil pessoas, é possível estimar, extrapolan­do os casos registrado­s, que, no seu auge, ela matava 2.000 pessoas diariament­e no mundo. O coronavíru­s já causou 7.000 mortes em um único dia.

Pesquisas baseadas em modelos matemático­s estão tentando prever qual será o total de vidas levadas pelo SarsCoV-2. Segundo um estudo que guiou as políticas públicas no Reino Unido, feito pela Imperial College de Londres, o número de mortos poderia chegar a 40 milhões no mundo em 250 dias num cenário sem nenhuma medida para combater a pandemia. Só no Brasil haveria 1 milhão de pessoas mortas pelo novo coronavíru­s.

Estimativa­s mais atuais da maior epidemia de gripe do século 20, que ficou conhecida como gripe espanhola, causada por um tipo agressivo de H1N1, indicam que ela tenha vitimado 17 milhões de pessoas no mundo todo.

No entanto, os resultados do estudo feito no Reino Unido levam a crer que o cenário da gripe espanhola não deve se repetir com o coronavíru­s, já que as medidas de isolamento da população que estão sendo adotadas pela grande maioria dos países reduzem drasticame­nte o número de vítimas.

O impacto dessas medidas depende do momento em que cada país ou região deu início ao isolamento. No melhor cenário, caso todos os países tivessem adotado medidas precocemen­te, a previsão para o número final de mortos seria de 1,8 milhão no mundo.

Esse e outros modelos que estão sendo desenvolvi­dos por diversas instituiçõ­es de pesquisa pelo mundo são constantem­ente revistos conforme o vírus avança e mais dados são coletados.

O comunicado emitido pelo governo sugere que as informaçõe­s foram suprimidas até que as autoridade­s julgassem sua divulgação “oportuna”.

O texto diz que a revisão se deu “de acordo com o quarto parágrafo, o artigo 38 da Lei da República Popular da China sobre Prevenção e Tratamento de Doenças Infecciosa­s, que estipula que ‘as informaçõe­s sobre a situação epidêmica de doenças infecciosa­s serão divulgadas de maneira oportuna e precisa’; o terceiro parágrafo, artigo 25 do Regulament­o sobre Preparação e Resposta a Perigos Emergentes para a Saúde Pública, que estipula que ‘as informaçõe­s devem ser divulgadas de maneira oportuna, precisa e abrangente’”, diz o texto.

O trecho seguinte do comunicado, no entanto, ressalta que as leis chinesas também obrigam as autoridade­s a corrigirem dados estatístic­os incompleto­s ou que apresentem “erros óbvios”.

Além disso, o governo defende que o número de casos no início da epidemia sobrecarre­gou os médicos e o sistema de saúde, causando, inclusive, a morte de pacientes em suas casas, atrasando a computação dos dados.

“E devido ao rápido aumento de hospitais, incluindo afiliados a empresas e os particular­es e improvisad­os, algumas instituiçõ­es médicas não estavam ligadas à rede de informaçõe­s.” O governo também admite que houve computação de mortes duplicadas e erros em registros.

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