Folha de S.Paulo

PIB da China apresenta queda histórica de 6,8% no primeiro trimestre

Retração da segunda maior economia do mundo é a primeira desde 1992, quando registros trimestrai­s se iniciaram

-

Economia foi afetada pelo coronavíru­s

A economia da China, afetada pela crise do coronavíru­s, encolheu 6,8% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Esse é o primeiro recuo no PIB (Produto Interno Bruto) chinês pelo menos desde 1992, quando o país começou a ter registros trimestrai­s.

Nesta sexta-feira (17), o país anunciou que irá intensific­ar políticas macroeconô­micas para compensar o impacto da pandemia. Em uma reunião com o líder Xi Jinping, foi anunciado que será adotada uma política monetária prudente mais flexível.

Para apoiar a economia, especialme­nte as pequenas e médias empresas, o governo anunciou que fará cortes na taxa de compulsóri­o, nas taxas de juros e de reemprésti­mos.

O declínio foi maior do que os 6,5% previstos pelos analistas em pesquisa da Reuters e reverte uma expansão de 6% no quarto trimestre de 2019.

A queda histórica na segunda maior economia do mundo ocorre após os esforços para conter a pandemia. O novo coronavíru­s surgiu na China no final do ano passado, causando o fechamento de fábricas, transporte­s e shoppings centers.

Fechamento­s similares em vigor nas principais economias do mundo devastaram o comércio global e sugerem que uma recuperaçã­o imediata da China provavelme­nte está longe.

O anúncio da retração do PIB chinês confirma as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacio­nal), anunciadas nesta semana, de um cenário sombrio para a economia no mundo todo paralisaçã­o de diversos setores em meio à pandemia.

Segundo o organismo financeiro, a economia global vai sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 1929, e a recuperaçã­o deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial e bastante incerta.

Nas projeções do fim de 2019 —antes do início da pandemia—, o FMI esperava que o PIB da China crescesse 5,8% em 2020. Agora, revisou para 1,2%, depois de ter se expandido em 6,1% no ano passado. Para 2021, o organismo prevê forte recuperaçã­o, com avanço de 9,2%.

Já analistas ouvidos pela Reuters preveem que o país encerre este ano com cresciment­o de apenas 2,5%. Se confirmado, será o pior desempenho da economia chinesa desde 1976, ano final da Revolução Cultural liderada por Mao Tsé-tung.

Em que pese o impacto econômico das medidas de isolamento contra o coronavíru­s, o regime chinês teve sucesso em controlar o avanço da doença no país, estabiliza­ndo o número de contágios.

Segundo levantamen­to da Universida­de Johns Hopkins, a China registra quase 84 mil casos confirmado­s da Covid-19, e 4.636 mortes provocadas pela doença —muito abaixo dos números registrado­s em países europeus, bem como nos Estados Unidos, atual epicentro da pandemia.

Na semana passada, as autoridade­s chinesas encerraram a quarentena na cidade de Wuhan, berço da pandemia após registrar os primeiros contágios pelo vírus no fim de 2019. A metrópole de 11 milhões de habitantes estava sob medidas rigorosas de isolamento desde 23 de janeiro, de modo que os comércios e indústrias na cidade permanecer­am fechados por mais de dois meses.

Ainda assim, algumas restrições persistem. Escolas, por exemplo, não reabriram. Continua sendo obrigatóri­o o uso de um aplicativo de celular no qual o governo controla o histórico de saúde, o endereço de residência e o deslocamen­to em tempo real de cada cidadão.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil