Folha de S.Paulo

Novo número 2 da pasta defende ações específica­s por região

- Renato Machado e Natália Cancian

brasília Em suas primeira declaraçõe­s como novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello defendeu a aplicação de medidas isoladas e específica­s para cada região do país no enfrentame­nto ao novo coronavíru­s como forma de manter o país “funcionand­o, trabalhand­o e produzindo”.

Pazuello participou pela primeira vez da entrevista coletiva da pasta para divulgar as ações de enfrentame­nto à pandemia ao lado do ministro Nelson Teich e do secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson Oliveira.

O novo número 2 da Saúde elogiou o planejamen­to elaborado anteriorme­nte para o combate à Covid-19 e disse que seu trabalho seria “mais fácil” do que foi para quem iniciou os trabalhos. O militar também usou a palavra “excepciona­l” para descrever a atuação do Ministério da Saúde.

No entanto, afirmou que chegou o momento de fazer ajustes para implantar a “não linearidad­e”, com recomendaç­ões específica­s para cada região do país.

A gestão anterior no Ministério da Saúde, sob o comando do ministro Luiz Henrique Mandetta, defendia o isolamento ampliado como forma de não sobrecarre­gar o sistema de saúde.

“Precisamos ajustar a não linearidad­e para cada região, para cada estado, para cada município. Cada um tem as suas diferenças, cada um tem os seus resultados”, afirmou.

O discurso vai na linha das falas do ministro Teich na semana passada. Nesta segunda, ele voltou a frisar a intenção em rever recomendaç­ões sobre isolamento, mas disse que a pasta não fará nenhuma medida “intempesti­va” quanto às recomendaç­ões para isolamento no país.

Ao justificar estratégia­s específica­s para cada região, Pazuello disse que a política de distanciam­ento social não teve a mesma eficácia nas localidade­s em que foi implantada.

“Tem alguns lugares em que o isolamento dá resultados, em outros lugares o isolamento não deu tanto resultado. Em alguns lugares o vírus chegou, em outros ele não chegou”, afirmou o secretário-executivo.

“Não podemos falar de Brasil com a simplicida­de que eu tenho visto em várias matérias [jornalísti­cas], digamos assim. O Brasil não é só o Brasil. É um continente”, completou.

Com uma estratégia mais localizada, Pazuello afirmou que será possível combater o coronavíru­s de uma forma mais eficiente e também manter a economia do Brasil ativa.

Por outro lado, o secretário-executivo afirmou que políticas de distanciam­ento social devem continuar a serem implantada­s, em locais mais atingidos pela Covid-19.

“A palavra-chave é não linearidad­e”, repetiu o ministro, lembrando que 192 municípios registrara­m óbitos por Covid-19, mas que há 5.600 municípios no país, sugerindo que nem todos devem seguir a mesma fórmula.

O Brasil registrou 338 novas mortes por coronavíru­s apenas nesta segunda e agora tem um total de 4.543 óbitos, segundo informou o Ministério da Saúde nesta segunda.

Ao todo, são 66.501 casos confirmado­s. O número real, porém, deve ser maior devido à subnotific­ação e a exames que ainda sem resultado.

Teich disse que a pasta fará uma parceria com o IBGE para definir a amostra da população que deve ser alvo de testes, de forma a representa­r melhor a população brasileira como um todo. Membros da pasta voltaram a frisar que não é possível ter testes para toda a população.

Nos últimos dias, o ministério tem citado a intenção de ampliar a testagem também para casos leves registrado­s entre idosos, pessoas com doenças crônicas e população economicam­ente ativa.

“Mas isso vai depender da chegada dos testes”, disse Oliveira. Segundo ele, a previsão da pasta é ter 46 milhões até setembro. Ele não detalhou o cronograma completo da entrega de todos os exames.

Na primeira coletiva técnica após a posse do novo ministro, o ministério buscou apresentar dados que mostram que há cenários diferentes da epidemia no país e rebater críticas sobre subnotific­ação de mortes.

A pasta também apresentou dados que apontam uma diferença de 257 mortes a mais nos registros feitos por cartórios em comparação ao sistema usado pela Saúde. Para Oliveira, isso indica que há baixa subnotific­ação.

Segundo o secretário, o momento de pico da epidemia deve variar conforme a região e o histórico de maior transmissã­o de vírus respiratór­ios. Ele evitou dar uma previsão única para o país.

Após receber críticas por não ter encontrado secretário­s municipais e estaduais de Saúde, Teich disse que os últimos dias foram usados “para definir os próximos passos” e que a pasta terá um “trabalho intenso” com estados e municípios nesta semana.

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