Folha de S.Paulo

Empresário, temperou a vida com pimenta, humor e caridade

EDEVIDIO BUSSADORE (1934-2020)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo Edevidio Bussadore não tinha apenas vontade de vencer na vida mas também muita disposição.

Nascido no bairro Itagaçaba, em Taquaritin­ga (a 334 km de SP), era o mais velho de seis filhos. Quando o pai morreu, o irmão caçula ainda não tinha nascido.

Edevidio assumiu a posição de pai e cuidou de todos.

Fez o primário quando morava em Jurupema, distrito de Taquaritin­ga. Para frequentar a escola, caminhava 22 km por dia.

Moço, arrumou emprego num jornal da cidade. Sua dedicação chamou a atenção de um tio, que o ajudou financeira­mente para que ele comprasse uma gráfica, que existe até hoje e está em poder da família há 66 anos.

Depois da gráfica, Edevidio adquiriu um periódico chamado Nosso Jornal, que manteve por 50 anos.

Um dos filhos, o empresário gráfico Mauro Henrique Bussadore, 58, diz que seu pai nunca tirou férias. Além de determinad­o, sempre foi habilidoso, proativo, sério e competente.

“Ele parecia duas pessoas diferentes, uma dentro e outra fora do trabalho. Da porta para fora da gráfica, era divertido e fazia amizade com todo mundo”, conta Mauro.

“Sincero, mandava de primeira o que pensava, da canela para cima, e ao mesmo tempo fazia da ironia uma forma superior de inteligênc­ia”, diz o amigo e ex-funcionári­o Nilton Morcelli.

Edevidio era puro humor. Como lateral-esquerdo no time Esplanada, adorava aprontar entre os amigos. Antes do pontapé inicial de cada jogo, pediam alguns minutos de silêncio em memória de algum conhecido que acabavam de “matar” proposital­mente.

A brincadeir­a incluía até distribuiç­ão de santinhos impressos. “Nem o então prefeito de Taquaritin­ga, Adail Nunes da Silva, escapou da piada”, conta Mauro.

Católico exemplar, encarou os desafios impostos pela vida com generosida­de e fé. Foi vicentino e presidiu o asilo São Vicente de Paulo.

Edevidio Bussadore morreu dia 19, aos 86, de parada cardíaca. Levou consigo a camisa do Palmeiras, seu time do coração. Deixa esposa, três filhos e quatro netos.

LEONARDO FEDER

Aos 35, solteiro. Segunda (27/4). Cemitério Israelita do Butantã. SP

LUIZ CLAUDIO BERNARDO

Aos 42, casado com Cicera Silva. Segunda (27/4). Cemitério Santo Antonio. Osasco

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