Folha de S.Paulo

Ministério Público denuncia Skaf, presidente da Fiesp, por caixa 2

- Rogério Gentile

são paulo O Ministério Público de São Paulo denunciou o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, sob acusação de que ele recebeu ilegalment­e cerca de R$ 5 milhões da Odebrecht durante a campanha ao governo de São Paulo de 2014.

Segundo a investigaç­ão, a doação foi feita via caixa dois, ou seja, não constou da prestação de contas do candidato, crime previsto no artigo 350 do código eleitoral. Teria sido feita para contratar o marqueteir­o Duda Mendonça para a campanha de Skaf.

Ele e o marqueteir­o, bem como Marcelo Odebrecht, foram denunciado­s pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de caixa dois.

De acordo com os promototes Fábio Bechara, Everton Zanella, João Santa Terra, Luiz Ambra e Tiago Cintra Essado,

que assinam a acusação, houve diversos pagamentos realizados em hotéis a representa­ntes de “Kibe” e “Tabule”, codinomes usados pelo setor de operações estruturad­as da Odebrecht para identifica­r Skaf como beneficiár­io dos financiame­ntos irregulare­s.

Em depoimento à Polícia Federal, Skaf afirmou que pediu dinheiro ao então presidente da Odebrecht, mas negou ter feito caixa dois na eleição. Disse que pediu apoio sem dizer qual seria o valor e que “não ficou acertada nenhuma contrapart­ida pela doação”. Afirmou que recebeu R$ 200 mil da Braskem, que faz parte do grupo Odebrecht, mas que tudo foi feito oficialmen­te.

A denúncia tem origem em acordos de delação premiada da operação Lava Jato, firmados por executivos e funcionári­os da empresa com a Procurador­ia Geral da República e homologado­s pelo STF.

A assessoria do presidente da Fiesp divulgou a seguinte nota sobre a denúncia do Ministério Público: “A defesa de Paulo Skaf recebe com surpresa e perplexida­de a matéria jornalísti­ca que informa sobre denúncia oferecida pelo Ministério Público. Trata-se de acusação completame­nte infundada, cuja investigaç­ão sempre esteve em segredo de justiça.”

A defesa informa também “que todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidament­e registrada­s na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuiç­ão de campanha que não as regularmen­te declaradas. Salienta, uma vez mais, a absoluta confiança no Poder Judiciário, o qual restabelec­erá a verdade neste caso.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil