Dívida pública cai com resgates antecipados e menor emissão de títulos
brasília e são paulo A crise provocada pelo novo coronavírus levou a um recuo na emissão de títulos públicos pelo governo e a uma onda de resgates antecipados por investidores. Como resultado, o estoque da dívida pública federal caiu 1,55% em março, para R$ 4,2 trilhões, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira (28).
No mês passado, as emissões somaram R$ 21,6 bilhões, o menor patamar registrado desde maio de 2010.
A diferença entre as compras e vendas mostra um resgate líquido de R$ 121,9 bilhões no período.
“No período de volatilidade, as condições do mercado se deterioraram, havendo redução de liquidez e perda de referência de preços, tanto que o Tesouro realizou leilões extraordinários de compra e venda.
Durante as atuações, não foram realizados leilões tradicionais, o que justifica o menor volume de emissão”, disse o coordenador-geral de operações da dívida pública, Luis Felipe Vital.
De acordo com o Tesouro, o mês de março foi marcado por sentimento de grande aversão a risco por causa da pandemia do novo coronavírus. Nesse cenário, taxas de juros com vencimentos longos tiveram “alta expressiva”.
Segundo o órgão, a redução das emissões é possível em razão do colchão de liquidez da dívida pública, que hoje equivale a seis meses de vencimentos dos títulos.
“No caso extremo e hipotético no qual a demanda por títulos públicos iria a zero, o colchão de liquidez da dívida pública seria acionado, com recursos suficientes para seis meses de vencimentos”, afirmou.
Em nota técnica publicada há duas semanas, o Tesouro fez um alerta sobre possíveis problemas de rolagem da dívida. Na ocasião, afirmou que enfrenta, desde antes da pandemia do novo coronavírus, dificuldades de pôr títulos com vencimentos longos no mercado. O documento ressaltava que, diante do cenário de incertezas, o governo foi obrigado a cancelar leilões de títulos.
Em videoconferência no dia seguinte, porém, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, adotou tom moderado e disse que não há problemas. Segundo ele, já houve períodos de desconfiança sobre a capacidade de financiamento do Tesouro, o que não se observa atualmente.
Nesta terça, Vital ressaltou que não há “nenhuma dificuldade” para a rolagem da dívida. Segundo ele, não há problema em nenhum tipo de título.