Folha de S.Paulo

Dívida pública cai com resgates antecipado­s e menor emissão de títulos

- Bernardo Caram e eEduardo Cucolo

brasília e são paulo A crise provocada pelo novo coronavíru­s levou a um recuo na emissão de títulos públicos pelo governo e a uma onda de resgates antecipado­s por investidor­es. Como resultado, o estoque da dívida pública federal caiu 1,55% em março, para R$ 4,2 trilhões, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira (28).

No mês passado, as emissões somaram R$ 21,6 bilhões, o menor patamar registrado desde maio de 2010.

A diferença entre as compras e vendas mostra um resgate líquido de R$ 121,9 bilhões no período.

“No período de volatilida­de, as condições do mercado se deteriorar­am, havendo redução de liquidez e perda de referência de preços, tanto que o Tesouro realizou leilões extraordin­ários de compra e venda.

Durante as atuações, não foram realizados leilões tradiciona­is, o que justifica o menor volume de emissão”, disse o coordenado­r-geral de operações da dívida pública, Luis Felipe Vital.

De acordo com o Tesouro, o mês de março foi marcado por sentimento de grande aversão a risco por causa da pandemia do novo coronavíru­s. Nesse cenário, taxas de juros com vencimento­s longos tiveram “alta expressiva”.

Segundo o órgão, a redução das emissões é possível em razão do colchão de liquidez da dívida pública, que hoje equivale a seis meses de vencimento­s dos títulos.

“No caso extremo e hipotético no qual a demanda por títulos públicos iria a zero, o colchão de liquidez da dívida pública seria acionado, com recursos suficiente­s para seis meses de vencimento­s”, afirmou.

Em nota técnica publicada há duas semanas, o Tesouro fez um alerta sobre possíveis problemas de rolagem da dívida. Na ocasião, afirmou que enfrenta, desde antes da pandemia do novo coronavíru­s, dificuldad­es de pôr títulos com vencimento­s longos no mercado. O documento ressaltava que, diante do cenário de incertezas, o governo foi obrigado a cancelar leilões de títulos.

Em videoconfe­rência no dia seguinte, porém, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, adotou tom moderado e disse que não há problemas. Segundo ele, já houve períodos de desconfian­ça sobre a capacidade de financiame­nto do Tesouro, o que não se observa atualmente.

Nesta terça, Vital ressaltou que não há “nenhuma dificuldad­e” para a rolagem da dívida. Segundo ele, não há problema em nenhum tipo de título.

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