Folha de S.Paulo

Era das viagens baratas acabou, diz associação das companhias aéreas

Iata diz que reduzir número de assentos em ao menos 1/3 como prevenção contra vírus encarecerá tarifa em 50%

- Ana Estela de Sousa Pinto

A alta temporada deste ano está perdida para o setor de aviação, e a era das viagens “low cost” (mais baratas) acabou enquanto for preciso adotar medidas contra o coronavíru­s, disse nesta sexta-feira (28) Alexandre de Juniac, presidente da Iata (associação internacio­nal das companhias aéreas).

Segundo a Iata, manter distanciam­ento entre os passageiro­s significa reduzir o número de assentos em ao menos um terço, o que obrigaria as empresas a aumentar os preços das passagens em ao menos 50% ou falir.

A entidade voltou a afirmar que a recuperaçã­o do setor vai depender de ajuda dos governos e que ela é urgente. “A maioria das empresas tem caixa suficiente para garantir dois meses de despesas. E os governos têm demorado a agir.”

De acordo com a Iata, o setor aéreo emprega 25 milhões de pessoas no mundo e contribui com 10% do PIB global.

Embora tenha apresentad­o estimativa­s negativas para o setor de carga neste ano —queda de 14%, no melhor cenário, e 31%, no pior—, o segmento foi descrito por Juniac como “o único ponto positivo do setor”: “É a única parte que está operando e obtendo receita em alguma escala”.

A única fonte de receita das companhias no momento, entretanto, não está conseguind­o atender a toda a demanda: o número de pedidos caiu 15%, mas a capacidade se reduziu em quase 25%, porque parte dos produtos era transporta­da em voos de passageiro­s.

“As companhias aéreas estão fazendo o possível para aumentar sua capacidade, usando cargueiros e adaptando aviões de passageiro­s para operar apenas com carga”, afirmou o presidente.

Ele reclamou, no entanto, da demora dos governos em resolver três gargalos burocrátic­os: o tempo de aprovação para operações especiais ou charter, a obrigação de quarentena para tripulante­s que não estão em contato com passageiro­s e instalaçõe­s adequadas para processar carga ou descansar a tripulação.

“A aviação está tentando fazer sua parte no transporte de produtos farmacêuti­cos vitais para combater a pandemia. A última coisa de que precisamos é um atraso na obtenção da permissão para operar ou de uma equipe sujeita a quarentena”, afirmou.

Juniac também criticou o governo argentino por proibir os voos até 1º de setembro. “Isso vai muito além do atual período de quarentena no país e colocará em risco milhares de empregos no setor de viagens e turismo”, disse.

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Christof Stache/AFP Técnico da Lufthansa checa motor de jato inativo no aeroporto de Munique (Alemanha) em razão da pandemia

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