Folha de S.Paulo

Pintora, marcou o tempo com um estilo próprio de arte

ELIZETHE HELENA BORGHETTI (1955-2020)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo Os artistas recebem uma dose extra de beleza ao longo da vida. A pintora e professora de história da arte e pintura, Elizethe Helena Borghetti, é um exemplo da constataçã­o.

Natural de Chapada (RS), Lou Borghetti adotou o apelido carinhoso que ganhou de um namorado por enxergar na sua amada a semelhança com a poeta e romancista russa Lou Andreas-Salomé. Lou Borghetti viveu em Porto

Alegre (RS), onde funcionava seu ateliê. O dom para pintura nasceu com ela. Na infância, pintava lenços para serem vendidos no táxi do pai. Autodidata, adotou um estilo de pintura próprio.

Entre os pincéis e as tintas, havia paixão. A filha, a advogada Fernanda Borghetti Cantali, 41, conta o quanto Lou era guerreira: “Minha mãe era extremamen­te determinad­a e lutadora. Conseguiu vencer em Porto Alegre com arte. Ela nunca trabalhou com nada que não fosse arte”.

A paixão era a pintura e ministrar aulas da técnica e de história da arte, o que fez durante quase 40 anos. Gostava da casa e do ateliê cheios.

A emoção presente nos pincéis colaborou para que Lou vivesse com alegria e vigor. “Ela tinha uma gargalhada caracterís­tica, marcante. De alto astral e personalid­ade forte, era amada por todos”, diz Fernanda.

Lou Borghetti foi amiga e assistente do pintor e gravurista Iberê Camargo. Ganhou dois prêmios: o Iberê Camargo e o Açoriano de Artes Plásticas.

Lou Borghetti morreu no dia 25 de abril, aos 65 anos, de câncer no endométrio. Deixa a filha, a neta de cinco meses, que foi batizada como Helena em sua homenagem, e três irmãos.

Além das suas obras, da importânci­a para a cultura de Porto Alegre e do amor pela pintura, Lou deixou gravado no coração das pessoas que é preciso ser leve, ter alto astral e perseguir os sonhos.

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