Ocupação em unidades de terapia intensiva beira colapso no litoral de SP
santos As cidades do litoral paulista já vêm sentindo os efeitos da pandemia do coronavírus em suas redes de saúde. Em alguns locais, os hospitais já começam a ficar perto da lotação, o que tem feito os municípios temerem um colapso iminente.
Em Santos, maior cidade do litoral do estado, está a maior parte dos leitos de UTI do litoral, 217. Desse total, 106 são da rede pública, que está cerca de 60% lotada com casos da Covid-19. A cidade também vem percebendo aumento gradual da ordem de até 5% por dia dos novos casos de coronavírus.
“Estamos bastante preocupados com esses números”, afirmou o secretário de saúde de Santos, Fabio Ferraz, que teme um colapso nos hospitais do município.
Na rede privada, a média de internação em Santos chega a 80% nos leitos de UTI, segundo apurou a Folha. Na Santa Casa de Saúde, maior hospital da região, as internações em unidades de terapia intensiva por convênios ou particulares alcançaram 95% da taxa de ocupação até a última sexta.
Já na Casa de Saúde, outro grande hospital da cidade, 85% dos leitos de UTI estão ocupados, e os leitos de internação têm ocupação total.
A preocupação é ainda maior porque Santos recebe doentes das cidades próximas, o que ajuda a sobrecarregar o sistema de saúde. Segundo a prefeitura, 40% dos internados são de outras cidades.
“Como cidade polo, temos ocupação média de 30% dos leitos de pessoas de outras cidades. Percebemos que esse número está crescendo, já que, com a saturação em outras cidades, as pessoas procuram hospitais de Santos”, disse o secretário de saúde.
Segundo dados de Santos, 21% dos internados na cidade são da vizinha, São Vicente. Até a última sexta-feira (24), a prefeitura vicentina informou que os pacientes com Covid-19 eram encaminhados para hospitais de referência da região, mas que a cidade passará a contar com 120 leitos, sendo 47 de UTI, além de 4 de retaguarda com estrutura semelhante.
Com capacidades bem menores nos sistemas de saúde, outras cidades da Baixada Santista recorrem a Santos. Até o fim de semana, a região tinha mais de 1.100 casos confirmados, mais de 1.600 suspeitos, cerca de 350 pessoas internadas em hospitais, 82 óbitos e 65 em investigação.
Em Cubatão, 5 dos 10 leitos de UTI estão preenchidos. Em Bertioga, são 10 leitos de UTI, sendo 2 cheios. No Guarujá, são 30 leitos de UTI, com 12 ocupados. Já Itanhaém tem 10 leitos de UTI para Covid-19, com 9 casos confirmados e 1 óbito até agora, enquantoMongaguá,semleitos, encaminha casos críticos para hospitais da região —Santos fica a 40 km de distância.
A proximidade do limite nas internações em leitos de UTI estende a outras cidades do litoral. Em Caraguatatuba, os 24 leitos de UTI tiveram 100% no fim de semana que teve o feriado prolongado por Tiradentes, no dia 21.
O secretário de saúde Amauri Toledo manifestou que houve tensão na cidade. “Chegamos a ter todos usados, foi estressante, é perigoso. E com o fluxo das pessoas andando pela cidade, pode ser que a gente tenha problema futuro”, disse. Na sexta, a taxa estava em 60%.
Caraguatatuba tem hospital regional que atende a pacientes de cidades próximas, como São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela. Na sexta, 7 dos 10 leitos estavam ocupados. Ilhabela tem só 8 leitos de UTI. Ubatuba não tem nenhum na rede pública e, até terça, tinha 3 pacientes internados em Caraguatatuba.
Já em São Sebastião, que com 100 km de litoral, foi registrado aumento de 130% nos casos em cinco dias. No momento, dos 22 leitos de UTI locais, 7 estão ocupados e 2 mortes foram registradas.
Carlos Eduardo Antunes Craveiro, diretor-presidente da Fundação de Saúde Pública de São Sebastião, diz que os casos devem crescer. “Estamos apostando no nosso alto índice de isolamento social. Tivemos 73% de adesão.”
Já Iguape, Cananeia e Ilha Comprida, que não possuem leitos de UTI, usam os 39 leitos dos dois hospitais regionais, um de PariqueraAçu e um de Registro.