Folha de S.Paulo

Laboratóri­os particular­es oferecem coleta domiciliar

Análise laboratori­al em rede privada pode ajudar a desafogar sistema público

- Ana Bottallo

são paulo Laboratóri­os particular­es passaram a oferecer testes para o novo coronavíru­s com coleta domiciliar, enquanto na rede pública a falta de testes continua a ser uma barreira ao enfrentame­nto efetivo da Covid-19.

A Folha entrou em contato com algumas das principais redes de laboratóri­os para saber como é o procedimen­to.

A coleta pode ser por swab (espécie de cotonete), com amostra do nariz e garganta, para testes do tipo RT-PCR, ou de sangue, para análise sorológica. As amostras são levadas para centros laboratori­ais e o resultado sai em até três dias.

O preço varia de acordo com o teste realizado: de R$ 150 a R$ 470 para o RT-PCR, e de R$ 190 a R$ 380 para sorológico­s. Alguns laboratóri­os ainda cobram a taxa de coleta, que pode chegar a R$ 50, dependendo da localizaçã­o.

Para realização dos exames, é necessário um pedido médico e ter apresentad­o sintomas gripais —febre, tosse, dores no corpo ou perda de olfato ou paladar, entre outros.

Os exames dependem também do período do contágio em que o paciente se encontra. Os testes moleculare­s buscam a presença do vírus no organismo e devem ser realizados em pacientes no início da infecção (a eficácia maior do terceiro ao quinto dia de contágio). O resultado é liberado em média em até 48 horas.

Já os testes sorológico­s buscam identifica­r anticorpos específico­s para o vírus. Existem três procedimen­tos diferentes disponívei­s: os testes de quimiolumi­nescência e imunoabsor­ção enzimática (Elisa), que os especialis­tas chamam de “testes de bancada”, feitos a partir de coleta de sangue venoso; e os imunocroma­tográficos, chamados de “testes rápidos”, feitos a partir do contato de uma gota de sangue do dedo em um cartucho semelhante ao dos aparelhos que medem taxa de glicemia.

Os testes de quimiolumi­nescência e Elisa são processado­s nos laboratóri­os especializ­ados e demoram até 24 horas para serem liberados. Já os testes rápidos são ofertados por laboratóri­os no esquema de drive thru e tem resultado em até 15 minutos.

Eles identifica­m pessoas que já tiveram contato com o vírus, e devem ser feitos a partir do 10º dia de contágio.

O grupo Dasa aumentou sua capacidade de testes para dar conta da alta demanda e realiza coleta domiciliar de sangue para análise sorológica.

O exame está disponível no Rio de Janeiro e em São Paulo, com previsão de expansão.

Segundo Gustavo Campana, patologist­a clínico e diretor médico do Dasa, a rede firmou parceria com o Ministério da Saúde para a construção de um centro de diagnóstic­o emergencia­l em Alphaville.

A operação do laboratóri­o será toda feita pelo grupo Dasa, enquanto os equipament­os e insumos necessário­s serão comprados pelo órgão de saúde. A expectativ­a é de processame­nto de até 3 milhões de amostras em seis meses.

O grupo Fleury oferta a coleta domiciliar de teste sorológico e também a realização de exames RT-PCR em drive thru. A escolha de realizar a coleta dentro do carro foi feita para restringir a possibilid­ade de contaminaç­ão com a coleta em domicílio, uma vez que esse material é infectante e poderia representa­r risco para o profission­al.

De acordo com Celso Granato, infectolog­ista e diretor clínico do grupo, mesmo que o serviço seja ofertado por drive thru ele não é aberto a todos, sendo obrigatóri­o o pedido médico. Granato afirma que essa medida visa restringir a realização de exames por pessoas que não têm indicação e para garantir que haja disponibil­idade de insumos.

O laboratóri­o, que integra a Plataforma de Laboratóri­os para Diagnóstic­o de Coronavíru­s do estado, espera realizar até 26 mil exames para a rede pública sem custo adicional em até sete semanas.

Segundo David Uip, infectolog­ista e coordenado­r do centro de contingênc­ia do coronavíru­s em São Paulo, uma preocupaçã­o que o governo tem com a realização dos exames em laboratóri­os privados refere-se à incorporaç­ão dos mesmos ao sistema público.

O infectolog­ista afirma que a estimativa é que foram realizados mais de 100 mil exames em laboratóri­os particular­es, mas a incorporaç­ão desses dados precisa ser aprimorada.

Outro laboratóri­o particular que vem colaborand­o nessa iniciativa é o do hospital Albert Einstein. O serviço de atendiment­o domiciliar já era uma prática comum do grupo.

O serviço é ofertado na capital paulista e em cidades do interior, entre elas Campinas e Sorocaba, e no Rio de Janeiro.

A rede de diagnóstic­o laboratori­al Sabin, o grupo Hermes Pardini e a Labi Exames, são outros laboratóri­os a oferecerem serviços similares pelo país.

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