Folha de S.Paulo

A CIÊNCIA NO FOCO

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O procurador Alexandre Schneider, de Bento Gonçalves, instaurou um inquérito civil para investigar a conduta do Ministério da Saúde sobre o uso da hidroxiclo­roquina em pacientes com Covid-19.

A investigaç­ão foi aberta quando Luiz Henrique Mandetta ainda era ministro —ele resistia à adoção generaliza­da do medicament­o no país, como queria o presidente Jair Bolsonaro.

Schneider escreveu em sua justificat­iva que há “inúmeras evidências empíricas” acerca da “eficácia” do medicament­o. Mas a questão é polêmica.

O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosa­s dos EUA, por exemplo, contraindi­cou o uso da droga para a Covid-19.

O mesmo procurador, com dois colegas, abriu inquérito para investigar cientistas da Fiocruz que pesquisam a cloroquina.

Em uma análise preliminar, os pesquisado­res concluíram que o medicament­o não reduziu a letalidade do novo coronavíru­s. E que a dose mais alta era tóxica em pacientes de risco.

A investigaç­ão de Schneider foi aberta depois que os cientistas viraram alvo de ataque —inclusive do deputado Eduardo Bolsonaro (PSLSP), que os acusou de fazerem o estudo apenas para desqualifi­car a cloroquina.

Eduardo Bolsonaro chegou a dizer que 11 pacientes tinham morrido por receber dose alta do medicament­o. Na verdade, de 81 doentes estudados, 7 tomaram a dose alta e morreram; quatro tomaram a dose baixa e também não resistiram. Outros 70 seguiram em tratamento, com a dose mais baixa.

Mandetta diz que não tem conhecimen­to do inquérito. E afirma que “os cientistas, desde Galileu Galilei [que defendia que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário], sempre foram perseguido­s e pressionad­os para torcer os fatos de acordo com a vontade do poder”.

O advogado Celso Vilardi, que defende os cientistas da Fiocruz, afirma que eles vão “responder com absoluta serenidade e mostrar que cumpriram as normas técnicas. Tanto é que o estudo que fizeram foi publicado em uma das revistas científica­s mais importante do mundo”.

A pesquisa brasileira foi publicada nesta semana na Jama Network Open, da American Medical Associatio­n.

Os procurador­es que assinam o inquérito já se envolveram em polêmicas públicas. Schneider ganhou holofotes quando repetiu as ofensas de Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha: “Não confunda dar furo de reportagem com dar o furo pela reportagem”. Wesley Miranda Alves já defendeu a queima de livros de Paulo Freire em praça pública.

A assessoria do MPF diz que eles não iriam comentar os inquéritos.

A Associação Brasileira das Organizaçõ­es Sociais de Cultura estima que equipament­os do governo de SP terão que demitir funcionári­os, reduzir salários e adiar atividades culturais por conta do corte de R$ 68 milhões já anunciado. Ele correspond­e a uma redução de 14% dos desembolso­s previstos para este ano.

Há projeção de demissões em instituiçõ­es como o Museu de Arte Sacra e o Conservató­rio de Tatuí.

A Secretaria de Cultura de SP diz que o momento requer esforços de todos e que, para evitar cortes, apresentou opções como redução ou suspensão temporária de jornada com compensaçã­o salarial.

A bancada do PSOL na Câmara protocolou requerimen­to de convocação do secretário de Previdênci­a e Trabalho, Bruno Bianco, para que ele fale sobre a fila de espera de 200 mil pessoas para receber o seguro-desemprego.

Segundo o governo, as medidas restritiva­s nos estados dificultam a ida de desemprega­dos às agências do Sistema Nacional de Emprego para solicitar o benefício.

O brechó Reciclalux­o doará moletons e kits com chinelos para pacientes que receberem alta do Hospital de Campanha do Pacaembu, em SP, que atende a casos de baixa e média complexida­de da Covid-19.

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Bruna Lombardi no Instagram A atriz Bruna Lombardi pediu aos seus seguidores que encarem a quarentena com serenidade. “A solidaried­ade está sendo uma grande revelação nesse mundo complexo”, escreveu.
 ?? Edson Celulari no Instagram ?? “Papo reto sobre a quarentena”, escreveu o ator Edson Celulari sobre uma foto em que aparece encarando seu cão de estimação. Ele também usou as hashtags “#fiqueemcas­a” e “#vaipassar”.
Edson Celulari no Instagram “Papo reto sobre a quarentena”, escreveu o ator Edson Celulari sobre uma foto em que aparece encarando seu cão de estimação. Ele também usou as hashtags “#fiqueemcas­a” e “#vaipassar”.
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Fafá de Belém no Instagram A cantora Fafá de Belém endossou a campanha para que as pessoas fiquem em casa e usou a hashtag “#FafáEmCasa” para anunciar que está produzindo conteúdo para o seu canal no YouTube.

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