Mendonça diz que presidente é profeta e promete mais operações
brasília O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça, tomou posse nesta quarta-feira (29) prestando continência e fazendo uma série de menções elogiosas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem chamou de profeta.
Em seu discurso e diante de uma plateia majoritariamente sem máscaras e com nomes do Judiciário e parlamentares, ele prometeu mais operações da Polícia Federal, atuação técnica e imparcial.
“Combate irrestrito à criminalidade. Há mais de uma década tenho me dedicado, na prática e na teoria, ao combate à corrupção. Presidente, o senhor tem sido, há 30 anos, um profeta no combate à criminalidade”, disse Mendonça em uma das manifestações elogiosas que fez a Bolsonaro.
O novo ministro da Justiça fez homenagem também ao ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, nome que era inicialmente o mais cotado para assumir a pasta no lugar de Sergio Moro, que pediu demissão na semana passada.
Disse que o Brasil vive “momento difícil na história” e listou valores com os quais disse se comprometer: o Estado de Direito, liberdade, fraternidade, igualdade, bem estar, desenvolvimento, segurança e “acima de tudo” Justiça. Afirmou estar sempre disposto “a prestar contas não só ao chefe da nação, mas a todo o povo”.
Ele também disse se comprometer com o combate irrestrito à criminalidade.
“Cobre de nós mais operações da Polícia Federal, presidente”, disse o ministro, que também afirmou compromisso com a atuação integrada com estados e municípios.
Ao falar da PF, defendeu princípios de autonomia, independência técnica, responsabilidade, prestação de contas e controle.
Ele tomou posse ao lado de José Levi, novo Advogado-Geral da União (AGU). Participaram da cerimônia os presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, e do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio Noronha, o ministro Gilmar Mendes (STF) e o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
A solenidade incluiria também a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF, mas Bolsonaro recuou depois da decisão do Supremo.
André de Almeida Mendonça, 47, deixou a Advocacia-Geral da União e ocupa a vaga deixada por Moro, que, ao pedir demissão, acusou o presidente de interferências na PF.
O novo ministro é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília e integrava a AGU desde 2000, quando encerrou sua atividade como advogado concursado da Petrobras (1997-2000). Integrantes da bancada evangélica estavam presentes à cerimônia.
Em outubro de 2002, ele publicou no jornal Folha de Londrina um artigo sobre a eleição do ex-presidente Lula (PT). Intitulado “O povo se dá uma oportunidade”, o texto tem tom otimista. Nele, diz que “o Brasil cresceu e seu povo amadureceu, restando consolidada a democracia não só porque o novo presidente foi eleito pelo povo, mas porque saiu do próprio povo”.
Horas após sua nomeação ter sido publicada, Mendonça publicou nas redes sociais: “Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro por confiar a mim a missão de conduzir as políticas públicas de Justiça e Segurança do nosso país”.
Afirmou que seu compromisso “é continuar desenvolvendo o trabalho técnico que tem pautado minha vida”. Disse contar com o apoio do povo brasileiro e encerrou pedindo “que Deus nos abençoe”.
Mendonça foi corregedor da AGU no governo Temer. Chegou ao governo Bolsonaro por indicação do ministro da CGU (Controladoria Geral da União), Wagner Rosário, com apoio da bancada evangélica.
A sua transferência para a Justiça teve apoio da cúpula militar e articulação do presidente do STF, José Dias Toffoli. A expectativa é a de que ele melhore a relação de Bolsonaro com o Poder Judiciário.
A transferência de Mendonça fortalece a indicação de seu nome para uma das duas vagas a que Bolsonaro terá direito de preencher no STF. O presidente já disse que considera o ministro, a quem se referiu como “terrivelmente evangélico”, a um dos postos.