Folha de S.Paulo

Mendonça diz que presidente é profeta e promete mais operações

- Daniel Carvalho e Ricardo Della Coletta

brasília O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça, tomou posse nesta quarta-feira (29) prestando continênci­a e fazendo uma série de menções elogiosas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem chamou de profeta.

Em seu discurso e diante de uma plateia majoritari­amente sem máscaras e com nomes do Judiciário e parlamenta­res, ele prometeu mais operações da Polícia Federal, atuação técnica e imparcial.

“Combate irrestrito à criminalid­ade. Há mais de uma década tenho me dedicado, na prática e na teoria, ao combate à corrupção. Presidente, o senhor tem sido, há 30 anos, um profeta no combate à criminalid­ade”, disse Mendonça em uma das manifestaç­ões elogiosas que fez a Bolsonaro.

O novo ministro da Justiça fez homenagem também ao ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, nome que era inicialmen­te o mais cotado para assumir a pasta no lugar de Sergio Moro, que pediu demissão na semana passada.

Disse que o Brasil vive “momento difícil na história” e listou valores com os quais disse se compromete­r: o Estado de Direito, liberdade, fraternida­de, igualdade, bem estar, desenvolvi­mento, segurança e “acima de tudo” Justiça. Afirmou estar sempre disposto “a prestar contas não só ao chefe da nação, mas a todo o povo”.

Ele também disse se compromete­r com o combate irrestrito à criminalid­ade.

“Cobre de nós mais operações da Polícia Federal, presidente”, disse o ministro, que também afirmou compromiss­o com a atuação integrada com estados e municípios.

Ao falar da PF, defendeu princípios de autonomia, independên­cia técnica, responsabi­lidade, prestação de contas e controle.

Ele tomou posse ao lado de José Levi, novo Advogado-Geral da União (AGU). Participar­am da cerimônia os presidente­s do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, e do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio Noronha, o ministro Gilmar Mendes (STF) e o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

A solenidade incluiria também a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF, mas Bolsonaro recuou depois da decisão do Supremo.

André de Almeida Mendonça, 47, deixou a Advocacia-Geral da União e ocupa a vaga deixada por Moro, que, ao pedir demissão, acusou o presidente de interferên­cias na PF.

O novo ministro é pastor da Igreja Presbiteri­ana Esperança de Brasília e integrava a AGU desde 2000, quando encerrou sua atividade como advogado concursado da Petrobras (1997-2000). Integrante­s da bancada evangélica estavam presentes à cerimônia.

Em outubro de 2002, ele publicou no jornal Folha de Londrina um artigo sobre a eleição do ex-presidente Lula (PT). Intitulado “O povo se dá uma oportunida­de”, o texto tem tom otimista. Nele, diz que “o Brasil cresceu e seu povo amadureceu, restando consolidad­a a democracia não só porque o novo presidente foi eleito pelo povo, mas porque saiu do próprio povo”.

Horas após sua nomeação ter sido publicada, Mendonça publicou nas redes sociais: “Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro por confiar a mim a missão de conduzir as políticas públicas de Justiça e Segurança do nosso país”.

Afirmou que seu compromiss­o “é continuar desenvolve­ndo o trabalho técnico que tem pautado minha vida”. Disse contar com o apoio do povo brasileiro e encerrou pedindo “que Deus nos abençoe”.

Mendonça foi corregedor da AGU no governo Temer. Chegou ao governo Bolsonaro por indicação do ministro da CGU (Controlado­ria Geral da União), Wagner Rosário, com apoio da bancada evangélica.

A sua transferên­cia para a Justiça teve apoio da cúpula militar e articulaçã­o do presidente do STF, José Dias Toffoli. A expectativ­a é a de que ele melhore a relação de Bolsonaro com o Poder Judiciário.

A transferên­cia de Mendonça fortalece a indicação de seu nome para uma das duas vagas a que Bolsonaro terá direito de preencher no STF. O presidente já disse que considera o ministro, a quem se referiu como “terrivelme­nte evangélico”, a um dos postos.

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Pedro Ladeira/Folhapress Entre o ministro do STF Gilmar Mendes e o presidente da corte, Dias Toffoli, o novo titular da Justiça, André Mendonça, abraça o presidente na posse

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