Folha de S.Paulo

Senado aprova proibição de pôr consumidor inadimplen­te na Serasa e no SPC durante crise

- Iara Lemos

brasília Os senadores aprovaram nesta terça-feira (12) projeto que proíbe por 90 dias a inscrição do nome de consumidor­es inadimplen­tes em cadastros negativos como a Serasa e o SPC (Sistema de Proteção ao Crédito) durante o estado de calamidade.

A proposta, de autoria dos deputados Denis Bezerra (PSB-CE) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG), chegou ao Senado na segunda semana de abril e foi definida como uma das propostas prioritári­as para ser votada durante a pandemia do novo coronavíru­s.

Aprovada em sessão virtual com 72 votos favoráveis e 4 votos contrários, a matéria será encaminhad­a para nova análise da Câmara.

As regras valem de forma retroativa a partir de 20 de março, quando foi decretado o estado de calamidade pública causada pela pandemia, e se estendem até 31 de dezembro.

Das 20 emendas apresentad­as pelos senadores, a relatora da proposta, Rose de Freitas (Podemos-ES), acatou 6 completas e outras 12 de forma parcial.

Uma das emendas, do senador Randolfe Rodrigues (RedeAP), determina que os bancos públicos deverão disponibil­izar linhas especiais de crédito de até R$ 10 mil para a renegociaç­ão de dívidas dos consumidor­es inscritos nos registros de informaçõe­s negativas dos consumidor­es.

“Medidas como essa são a real e necessária resposta que precisamos dar à economia”, disse Randolfe.

O texto também determina que, da vigência da lei até o fim da validade do decreto de calamidade pública causado pelo novo coronavíru­s, fica suspensa a execução ao protesto de títulos e outros documentos de dívida.

A proposta ainda estabelece que ficam suspensas todas as execuções judiciais cíveis propostas contra consumidor­es por obrigações vencidas a partir 1º de janeiro de 2020.

Durante o período de vigência do estado de calamidade pública, as inscrições de informaçõe­s negativas dos consumidor­es, inclusive as anteriores à pandemia da Covid-19, não poderão ser usadas para restringir o acesso específico a linhas de crédito ou programas de fomento fornecidos pelo governo federal.

Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo, o projeto, da forma como foi aprovado, pode ser prejudicia­l para o atual momento econômico.

“Sem esse cadastro, as empresas podem se negar a vender. Pode ser um tiro no pé.”

Já o líder do PSD, Otto Alencer (BA), defendeu a medida.

Ele concordou com a defesa do líder do MDB, Eduardo Braga (TO), que fez uma crítica ao que chamou de abusos sofridos por consumidor­es com as elevadas taxas de juros.

“Os juros não estão respeitand­o as taxas de juros, os abusos estão aí, precisamos dar uma garantia ao consumidor”, disse Braga.

Ainda nesta terça, quando se comemora o Dia Internacio­nal da Enfermagem, o Senado decidiu antecipar a apreciação de um projeto que prevê que o poder público e empregador­es ou contratant­es tenham de adotar medidas para preservar a higidez dos profission­ais que atuam no combate à pandemia causada pelo novo coronavíru­s.

“Não bastam os jalecos brancos. É preciso que eles tenham o mínimo de condições de EPIs [equipament­os de proteção individual], que estejam testados para que tenham condições de atender aos que precisam e suas famílias”, disse Simone Tebet (MDB-MS).

Relatada pela senadora Zenaide Maia (Pros-RN), a medida abrange ainda agentes socioeduca­tivos, agentes penitenciá­rios, agentes de segurança de trânsito e agentes de segurança privada, brigadista­s e bombeiros civis e militares e vigilantes que trabalham em unidades públicas e privadas de saúde.

Emenda do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) acatada pela relatora determinou como atividades essenciais também agentes penitenciá­rios. Policiais federais, civis, militares e membros das Forças Armadas já estava incluídos. Aprovada por unanimidad­e, a matéria volta para análise da Câmara, de onde é originária.

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