Folha de S.Paulo

EUA descartam taxa de juro negativa, e dólar sobe para R$ 5,90

- Júlia Moura Com Reuters

são paulo O dólar subiu 0,56% nesta quarta (13) e bateu o recorde nominal (sem contar a inflação) pelo segundo pregão seguido, ao fechar a R$ 5,9040. A valorizaçã­o da moeda reflete o momento de tensão política no Brasil, com os ecos da saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro do governo, e um cenário negativo no exterior.

Na máxima, o dólar foi a R$ 5,9430, mas perdeu força com dois leilões de swap cambial do Banco Central. No ano, a moeda acumula alta de 47%.

Corrigida pela inflação, porém, a moeda não supera a máxima de 2002. Naquele ano, o dólar foi ao recorde de R$ 4,00 durante o pregão —fechou a R$ 3,99. Hoje, corrigido pela inflação brasileira e americana, esse valor equivale a R$ 7,86.

Nesta quarta, o presidente do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell, esboçou um panorama mais pessimista para a maior economia do mundo, trazendo aversão a riscos no mercado global, o que levou as principais moedas globais a perder valor ante o dólar, como o euro e a libra.

Ao comentar a manutenção dos juros próximo de zero, ele disse que o Fed não considera o panorama de taxas negativas.

“Havia muita expectativ­a quanto a juros negativos nos EUA, e a negativa diminuiu o apetite de risco no mercado”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimen­tos.

Powell também alertou para a possibilid­ade de um “período

prolongado” de cresciment­o fraco e renda estagnada, prometendo usar mais o poder do Fed conforme necessário e fazendo um pedido para mais gastos fiscais.

“Vai levar algum tempo para voltar para onde estávamos. Há um senso de que a recuperaçã­o pode ocorrer mais lentamente do que gostaríamo­s, mas ela acontecerá, e isso pode significar ser necessário que façamos mais”, disse Powell.

No pior cenário, a economia ficaria atolada em “um período prolongado de baixa produtivid­ade e renda estagnada. Suporte fiscal adicional pode ser caro, mas vale a pena se ajudar a evitar danos econômicos a longo prazo”.

O discurso se somou a um cenário de tensão com eventuais novas sanções comerciais dos americanos à China e derrubou as Bolsas em Nova York. O Dow Jones caiu 2%, o S&P 500, 1,75%, e a Nasdaq, 1,5%. No Brasil, o Ibovespa caiu 0,12%, para 77.772 pontos.

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