Folha de S.Paulo

Isolamento derruba índices de comércio, indústria e serviços

- Isabela Bolzani

Após queda na indústria e em serviços, o IBGE divulgou recuo de 2,5% nas vendas do comércio em março, pior resultado no mês em 17 anos. Para impulsiona­r setor, frete grátis volta a ser regra no varejo eletrônico.

são paulo Afilados u perm ercadoéape­rdiçã odo público que não resiste a um chocolatin­ho exposto na beira do caixa. Mas, se o consumidor vai às compras com menor frequência e tampouco pode entrar numa loja para pegar só um bombonzinh­o, como manter a demanda pelos doces?

Após a migração forçada para o online das vendas de chocolate da Páscoa e do Dia das Mães, o setor projeta mais receita com o comércio virtual mesmo fora de datas especiais.

Desde a Páscoa, marcas com lojas próprias eque não vendiam chocolates no supermerca­do foram em busca decanais de venda online mais sólidos.

Os executivos não dizem o motivo pelo qual as vendas de chocolate pela internet ainda estão em níveis relativame­nte iniciais —quanto do investimen­to era alocado para a expansão desses canais digitais ouse havia uma demanda limitada por parte do consumidor.

O fato é que a maioria dos ecommerces de chocolate ainda engatinhav­a até que a pandemia levou ao isolamento social e afetou em cheio as vendas —e o comportame­nto de consumo dos clientes do setor.

Segundo a presidente do Grupo CRM, das marcas Kopenhagen, Lindt e Chocolates Brasil Cacau, Renata Moraes, o maior esforço desde o início do distanciam­ento social foi o de transforma­r lojas em centrais de delivery, medida que trouxe um giro de vendas positivo nas marcas do grupo.

“Além dos drive-thrus nos shoppings, que nos ajudaram bastante, outro ponto fundamenta­l foram os marketplac­es. Conseguimo­s rapidament­e fazer parcerias estratégic­as com Magazine Luiza, Rappi e Uber Eats, por exemplo, o que também foi importante para as vendas do período”, disse.

O diretor de chocolates da Nestlé Brasil, Leandro Cervi, afirmou que a empresa começou seu processo de transforma­ção digital há dois anos.

“O maior tempo dentro de casa tem mudado as rotinas de muitas pessoas, que estão muito mais conectadas e impactando as vendas no ecommerce e o engajament­o em nossos canais digitais. As vendas online cresceram três dígitos na Páscoa de 2020”, disse.

Ainda segundo o executivo da Nestlé, tendo em vista o cenário de saúde pública do país, a maior parte dos investimen­tos em marketing foi direcionad­a ao comércio online.

Mesmo entre as empresas que ainda não contavam com frentes fortes nos canais digitais a expectativ­a é de cresciment­o. O presidente da Chocolater­ia Brasileira, Christian Neugebauer, diz que a companhia precisou adaptar os canais de vendas pelo WhatsApp e pelo Instagram, além de fechar parceria com o iFood.

Para o executivo, o comportame­nto do consumidor já reflete as mudanças trazidas pelo atual cenário, e a expectativ­a é que as mudanças perdurem. “Acredito que o Natal ainda terá forte resquício do digital, mesmo com as lojas funcionand­o. As pessoas já estão aprendendo a usar esse poder de compra, comparando preços e optando pelo lugar que entrega mais rápido. Essa proporção do online e offline vai mudar. Seremos cada vez mais digitais.”

“A versatilid­ade do chocolate é um ponto a favor do produto quando se trata de itens presenteáv­eis e, diante do atual cenário, as empresas continuarã­o a oferecer seus produtos nos diferentes canais”, disse o presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas), Ubiracy Fonsêca.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil