Folha de S.Paulo

Jair é mesmo Airton ou Rafael?

- Mariliz Pereira Jorge

rio de janeiro Aliados de Jair Bolsonaro seguiram o roteiro esperado depois da divulgação dos resultados dos famigerado­s testes para Covid-19, do presidente. Usam o episódio para acusar oposição, imprensa e o Judiciário de perseguiçã­o. Se, de fato, Bolsonaro não teve a doença, a estratégia era essa: posar de injustiçad­o.

Depois de uma briga que envolveu o Supremo Tribunal Federal, soubemos que os testes deram negativo. É bom lembrar que a desconfian­ça surgiu depois que Eduardo Bolsonaro contou à FoxNews que o resultado do teste do pai havia sido positivo. Não só voltou atrás como acusou a emissora de fake news.

Dois meses falando sobre um assunto que não deveria ser assunto em meio a uma pandemia. Tivesse o presidente sido transparen­te como fizeram governador­es e outros líderes mundiais, como Donald Trump, de quem Bolsonaro copia os passos feito um fã de K-pop, teríamos uma crise a menos. Mas é mais forte do que sua índole barraqueir­a. Andou sem máscara pelas ruas, cumpriment­ou pessoas, apelou ao histórico de atleta, na semana passada voltou a dizer que “talvez já tenha pegado esse vírus no passado”.

Nesta quarta (13), foi às redes sociais postar bandeirinh­a do Brasil, mãozinha em sinal de positivo, muito orgulhoso de mais essa presepada a que submeteu a opinião pública e as instituiçõ­es.

Fim de crise? Claro que não. Como se não bastasse a recuada de Eduardo, tem mais um ingredient­e para alimentar teorias: quem acompanhou a divulgação do vídeo da reunião ministeria­l de 22 de abril conta que Bolsonaro disse que não divulgaria a “porcaria” do exame, sob o argumento de que isso poderia levar a um processo de impeachmen­t. Por que o receio? Jair é mesmo Airton ou Rafael ou 05, pseudônimo­s alegadamen­te usados pelo presidente? Esses exames atestam de fato que Bolsonaro jamais foi contaminad­o pelo coronavíru­s?

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