Folha de S.Paulo

Entenda as versões em inquérito sobre acusações de Moro

Depoimento­s à Polícia Federal são as primeiras diligência­s; investigaç­ão pode levar a afastament­o de Jair Bolsonaro

- Fábio Fabrini

brasília Os depoimento­s à Polícia Federal são as primeiras diligência­s do inquérito que opõe o ex-ministro Sergio Moro (Justiça) ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em declaraçõe­s públicas e em depoimento, o ex-juiz da Lava Jato acusou o mandatário de tentar trocar dirigentes da PF para alocar gente de sua confiança nos cargos e, com isso, ter acesso a informaçõe­s e relatórios de investigaç­ões.

Também listou como um dos motivos a suposta preocupaçã­o de Bolsonaro com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e cujo potencial é o de atingir seus filhos e alguns aliados.

Um inquérito foi aberto com base nas afirmações de Moro para apurar se o presidente cometeu crime ou, em outra hipótese, se o ex-ministro fez uma denúncia caluniosa. Desde segunda (11), diversos citados nas declaraçõe­s do ex-juiz estão sendo ouvidos em Brasília e Curitiba.

Moro sustenta que as pressões de Bolsonaro para interferir na PF vêm do ano passado, quando abriu uma crise para emplacar um nome de sua confiança na Superinten­dência do Rio de Janeiro. Na ocasião, quase caiu o diretorger­al da PF, Maurício Valeixo.

As pressões teriam continuado este ano, até 24 de abril, quando Valeixo foi demitido e Moro, em seguida, rompeu com o presidente. O exministro sustenta que Bolsonaro “lhe relatou verbalment­e no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua confiança para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligênc­ia”.

Bolsonaro nega tentativa de ingerência. Diz que, como presidente, é sua a prerrogati­va de nomear o diretor-geral da PF e até o ministro da Justiça.

Após apuração da PF, a Procurador­ia-Geral da República avalia se haverá acusação contra Bolsonaro. Caso isso ocorra, esse pedido vai para a Câmara, que precisa autorizar sua continuida­de, com voto de dois terços.

Em caso de autorizaçã­o, a denúncia vai ao STF —que, se aceitar a abertura de ação penal, leva ao afastament­o automático do presidente por 180 dias, até uma solução sobre a condenação ou não do investigad­o.

A seguir, as diferentes versões em depoimento­s e um perguntas e respostas para entender o caso.

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Pedro Ladeira - 12.mai.20/Folhapress Jair Bolsonaro fala a jornalista­s de cima da rampa do Planalto
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