Folha de S.Paulo

OCDE aponta colapso sem precedente­s nas principais economias

- Ana Estela de Sousa Pinto

bruxelas Abril também foi um mês de colapso sem precedente­s nas perspectiv­as de cresciment­o de 9 entre 11 das principais economias, segundo o indicador CLI divulgado pela OCDE (organizaçã­o que reúne 37 dos principais países do mundo) nesta terça (12).

De acordo com a entidade, as medidas de quarentena, necessária­s para conter a pandemia de coronavíru­s, continuara­m a ter um impacto severo na produção, no consumo e na confiança de consumidor­es e investidor­es. O CLI é um indicador composto que projeta pontos de virada nos ciclos de negócios.

Na comparação com o índice de abril de 2019, a Rússia teve a maior queda, de 9,17%, seguida pelo Reino Unido, com 7,93%, e o Brasil, com 7,82%, tendência de recuo muito superior à revelada pelo índice de março, que, para o Brasil, era de -1,26%.

A tendência é de redução severa na atividade também no Canadá, no Japão, na França, na Alemanha, na Itália e nos EUA, e o indicador aponta queda também para a Índia.

Na China, no entanto, onde as medidas de contenção já foram flexibiliz­adas, o setor industrial aponta para mudança positiva —a OCDE ressalva que as informaçõe­s atualmente disponívei­s para o mês de abril na China são parciais.

O CLI mostra movimentos de curto prazo em relação a seu potencial de longo prazo, ou seja, uma queda no indicador não é uma medida do grau de contração do PIB, mas uma indicação da força com que os países entraram nessa fase de contração.

Como medida de comparação, a organizaçã­o diz que o sinal é mais forte agora do que era na época da crise financeira de 2008.

A organizaçã­o ressalva que, desde abril, é preciso ponderar a interpreta­ção do CLI (e de indicadore­s futuros em geral), por dois motivos.

O primeiro é que ainda há incerteza sobre a duração das quarentena­s, o que reduz muito a capacidade de o indicador prever movimentos futuros nos ciclos de negócios.

Além disso, o CLI não consegue antecipar o fim da desacelera­ção, também porque não está clara a severidade e a duração das restrições impostas.

O indicador começará a recuperar sua capacidade de prever quando empresas e consumidor­es começarem a se adaptar às novas realidades.

Segundo a OCDE, para melhorar a capacidade de previsão será fundamenta­l que os governos comecem a formular e comunicar estratégia­s de longo prazo, além das medidas imediatas iniciais que eles tiveram que impor.

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Olivier Douliery/Afp Mulher à frente de loja com mensagem otimista em Arlington, nos EUA

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