Folha de S.Paulo

TCU manda militares devolver R$ 600 e quer lista de nomes

- Fábio Pupo

brasília O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o governo inclua no Portal da Transparên­cia as informaçõe­s de todos os cidadãos contemplad­os com o auxílio emergencia­l de R$ 600. Os dados devem estar disponívei­s 15 dias após cada pagamento.

A decisão foi tomada após o governo constatar o pagamento indevido do auxílio a militares. O órgão determinou que eles devolvam o dinheiro e que a lista completa de quem obteve os recursos seja enviada ao tribunal, que também exige medidas para o erro não se repetir.

As medidas foram tomadas inicialmen­te pelo ministro Bruno Dantas, em caráter cautelar, e acolhidas posteriorm­ente pelo plenário com novas determinaç­ões. A divulgação no Portal da Transparên­cia foi uma sugestão da ministra Ana Arraes, que solicitou inclusive a discrimina­ção dos nomes por município.

Na terça (12), o governo divulgou nota dizendo que vai apurar o pagamento do auxílio a mais de 73.242 militares, pensionist­as, dependente­s e anistiados cadastrado­s na base de dados do Ministério da Defesa. Em conjunto com o Ministério da Cidadania, a pasta afirmou que foi feito um cruzamento de dados e que foram identifica­dos possíveis recebiment­os indevidos.

Em sua decisão, Dantas ressaltou que não existe previsão legal para que os pagamentos sejam feitos para militares pois eles não estão entre as pessoas beneficiár­ias previstas pela lei.

“Não há hipótese legal, nem pela mais forçosa interpreta­ção da lei, para um militar ativo, inativo ou pensionist­a ser titular do auxílio emergencia­l”, afirma o ministro em sua decisão.

Dantas ressalta que a lei proíbe o pagamento do auxílio a quem tenha emprego formal ativo e que são considerad­os empregados formais os agentes públicos, independen­temente da relação jurídica, inclusive os ocupantes de cargo ou função temporário­s ou de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração e os titulares de mandato eletivo.

A quantidade de pessoas cadastrada­s no Ministério da Defesa que receberam o auxílio levaria a um gasto de no mínimo R$ 43,9 milhões na primeira parcela e poderia chegar a R$ 131,8 milhões se todas as três parcelas fossem pagas.

O ministro determinou que os recursos sejam devolvidos e, caso isso não tenha sido feito até a data de fechamento da folha de pagamento do mês de maio, que o valor seja descontado no salário.

Dantas lembra a intenção anunciada pelo governo de apurar o caso, mas diz que a cautelar foi necessária mesmo assim. “É fundamenta­l que esse ressarcime­nto seja rápido e integral. O tribunal tem amplo histórico na fiscalizaç­ão de pagamentos indevidos de benefícios sociais e essa experiênci­a evidencia um processo moroso e ineficaz de ressarcime­nto desses pagamentos”, afirma.

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