Folha de S.Paulo

Doria mantém veto a academias e cabeleirei­ros

Bolsonaro ampliou rol de atividades essenciais; governador disse que não haverá alterações na quarentena até 31 de maio

- Artur Rodrigues

são paulo O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (13) que academias de ginástica, salões de beleza e barbearias devem continuar fechados no estado de São Paulo.

A declaração foi dada em entrevista à imprensa no Palácio dos Bandeirant­es, no Morumbi, zona oeste de São Paulo. Doria e o secretaria­do usaram máscaras durante a coletiva, ao contrário do que vinham fazendo anteriorme­nte, quando retiravam o equipament­o ao chegar ao púlpito para a entrevista.

A inclusão pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de academias, salões de beleza e barbearias como atividades essenciais durante a pandemia do novo coronavíru­s levou a reações de governador­es, que disseram que não vão seguir a orientação.

“Sobre o decreto presidenci­al relativo a academias de ginástica e salões de beleza, aqui em São Paulo o governo respeita e ouve o seu secretário da Saúde, o seu comitê da saúde. Comitê de saúde e secretário indicam que ainda não temos condições sanitárias seguras para autorizar a abertura academias, salões de beleza e barbearias neste momento”, disse Doria.

“Nosso maior respeito por esses profission­ais é garantir a sua vida, sua existência e sua saúde”, acrescento­u.

Segundo Doria, até dia 31 de maio nenhuma alteração será feita na quarentena de São Paulo.

Dimas Covas, que coordena o comitê de saúde do estado, citou uma série de dificuldad­es para a abertura de salões de beleza e academias.

Ele afirmou que a contaminaç­ão se dá pelo toque em superfície­s contaminad­as e depois com a autocontam­inação, tipo de risco presente nas academias. Além disso, nos salões, citou que os profission­ais ficam muito próximos dos clientes, o que dificulta o controle da transmissã­o.

São Paulo atingiu um total de 4.118 mortes por coronavíru­s, sendo 169 confirmada­s entre terça (12) e esta quarta. A taxa de ocupação das UTIs no estado é de 68,3% e, na Grande SP, 87,2%. A taxa de isolamento no estado de São Paulo na terça foi de 47%.

“Não está descartado o ‘lockdown’, mas neste momento não há esta expectativ­a”, disse Doria.

De acordo com Dimas Covas, as variáveis que influencia­m na adoção do ‘lockdown’ são a taxa de transmissã­o e o índice de ocupação de leitos de UTI.

“Existem critérios internacio­nais. O primeiro é a taxa de ocupação dos leitos de UTI. Quando essa taxa ultrapassa 90%, liga-se a luz amarela. Chegando a 100%, o sistema começa a entrar em crise. A segunda variável é a taxa de transmissã­o, a capacidade de um indivíduo transmitir para outros. Quando é superior a um, a pandemia vai progredir. A associação desses dois fatores determina a necessidad­e determina o ‘lockdown’”, disse.

“Nós estamos próximos de 90% de ocupação e a taxa de ocupação é superior a um. Então, em princípio, estamos reunindo os critérios na região metropolit­ana para começar a considerar essa possibilid­ade, se não houver uma inflexão na taxa de isolamento e no número de leitos”, acrescento­u Dimas Covas.

Sobre o fato de Doria e sua equipe pela primeira vez usarem máscaras, o governador afirmou que se trata de uma medida para estimular o uso do equipament­o, uma vez que as medidas de segurança eram mantidas anteriorme­nte, com espaçament­o entre as pessoas e um ambiente arejado.

O vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), afirmou que houve a redução na compra dos 3.000 respirador­es chineses, negociação revelada pela Folha e investigad­a pelo Ministério Público.

Segundo ele, houve uma repactuaçã­o para entrega de 1.280 aparelhos (valor médio unitário de U$ 34 mil), que é a quantidade que a empresa contratada conseguirá entregar os até o começo de junho.

Com isso, o valor previsto de U$ 100 milhões (cerca de R$ 590 milhões) foi reduzido para U$ 44 milhões (R$ 260 milhões). Há ainda outros mil aparelhos que virão para São Paulo via Londres, pelo valor de U$ 20 milhões (valor médio de U$ 20 mil, ou R$ 118 mil por unidade).

Uma terceira compra, de 250 equipament­os de indústria nacional, custou U$ 2,5 milhões (média de U$ 10 mil cada um, ou R$ 59 mil).

Somado, o total de respirador­es é de 2.530.

Até agora, a previsão é de cerca de U$ 60 milhões (R$ 354 milhões). “São modelos diferentes, tecnologia­s diferentes e consequent­emente preços diferentes”, disse Garcia, que sempre é escalado pelo governador para falar sobre este assunto.

Segundo Garcia, só serão confirmada­s as compras que chegarem até a primeira semana de junho.

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