Folha de S.Paulo

Controle do vírus pode levar 5 anos, diz cientistac­hefe da OMS

- Ana Estela de Sousa Pinto

bruxelas Ainda serão necessário­s quatro ou cinco anos até que o novo coronavíru­s esteja sob controle, disse nesta quarta (13) a cientista-chefe da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), Soumya Swaminatha­n.

Segundo ela, o tempo pelo qual o vírus continuará representa­ndo uma ameaça vai depender das mutações que ele sofrer, da eficácia de medidas de restrição do contágio e do desenvolvi­mento de uma vacina.

Em uma conferênci­a digital do jornal britânico Financial Times, Soumya disse que “não há bola de cristal” para essa previsão, e que a pandemia pode até “potencialm­ente piorar”.

Além disso, o fracasso de governos e famílias em aplicar as vacinas já comprovada­s para doenças já conhecidas mostra que é um erro apostar todas as fichas em uma descoberta científica no caso do coronavíru­s, disse em entrevista em Genebra o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan.

“Desculpem se pareço cínico, mas vejam quantas doenças já poderíamos ter eliminado com vacinas perfeitame­nte eficazes, como o sarampo, e não o fizemos. Podemos descobrir, produzir e entregar, mas as pessoas precisam também tomar as vacinas”, disse Ryan.

Segundo ele, o mais provável é que o coronavíru­s fique endêmico e a humanidade precise conviver com ele, como ocorre com o HIV.

Mesmo sem vacina, é possível controlar a pandemia com medidas básicas, afirmou Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS. “Vários países já comprovara­m que com as medidas corretas para impedir o contágio e tratar os doentes é possível dominar a Covid-19”.

Para Peter Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres que também participou do evento, eliminar o coronavíru­s vai exigir “muito mais” do que uma vacina.

“A única doença humana erradicada foi a varíola”, disse Piot. Segundo ele, as sociedades terão que encontrar formas de conviver com o vírus com intervençõ­es mais focalizada­s, em vez de amplas e gerais.

Piot afirmou que “não há opção a não ser investir mais em testes”, nos setores público e privado.

Os sistemas de vigilância também foram apontados como fundamenta­is nesta pandemia pelo diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, em entrevista pela internet. “A melhor maneira de saber se a doença está voltando com o relaxament­o de medidas não pode ser contando doentes nas UTIs ou corpos.”

“Desculpem se pareço cínico, mas vejam quantas doenças já poderíamos ter eliminado com vacinas perfeitame­nte eficazes, como o sarampo, e não o fizemos Michael Ryan diretor-executivo da OMS

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