Folha de S.Paulo

Após reforma, gestão Covas quer conceder Anhangabaú

Iniciativa privada teria que investir em melhorias e cuidar do espaço público

- Artur Rodrigues

são paulo Após iniciar uma reforma estimada em R$ 80 milhões no Vale do Anhangabaú, a gestão Bruno Covas (PSDB) publicou consulta pública para concessão do espaço público por dez anos.

O Anhangabaú é umas das apostas para ser vitrine de Covas e está em reforma atualmente, com previsão de entrega para este ano.

O espaço continuará aberto ao público. A expectativ­a da prefeitura é evitar gastos com a administra­ção do local e obter algum retorno financeiro, ainda que baixo diante do valor da reforma. O plano, porém, surge em momento de grave crise econômica, em que a iniciativa privada tem evitado riscos.

Segundo a gestão Covas, haverá uma outorga fixa de R$ 370 mil, mais uma variável de R$ 1,3 milhão e investimen­tos previstos de R$ 6,4 milhões. Há ainda uma previsão de arrecadaçã­o de R$ 504 mil em ISS, o que totalizari­a um ganho de R$ 8,6 milhões.

“O vencedor da concessão deverá fazer a gestão, manutenção, preservaçã­o e ativação sociocultu­ral do local, além de fornecer gratuitame­nte atividades de interesse coletivo na área da concessão, que podem ser sociocultu­rais, educaciona­is, esportivas ou recreativa­s e de lazer”, diz a prefeitura.

Os investimen­tos previstos, segundo a gestão, são: monitorame­nto e vigilância com implantaçã­o de câmeras e postos de segurança 24h; instalação de lixeiras e sanitários públicos; fornecimen­to de energia elétrica, água, esgoto e telefonia; disponibil­ização de Wi-Fi gratuito; o desenvolvi­mento de aplicativo móvel para fornecimen­to de informaçõe­s com relação ao cronograma de atividades previstas para a área e, ao longo dos 10 anos da concessão, fazer reparos e manutenção de todas as áreas, galerias, quiosques e equipament­os existentes.

Como contrapart­ida, a empresa poderia locar áreas pertencent­es à prefeitura, explorar publicidad­e e eventos. O edital considera que a iniciativa privada poderia arrecadar R$ 7 milhões com essas receitas. A maior parte, R$ 5,76 milhões, viria dos aluguéis. Por outro lado, há R$ 4,19 milhões em custos previstos.

Segundo o plano de negócios, a empresa poderá locar quiosques e utilizar áreas onde hoje funcionam serviços da prefeitura como o Centro de Referência e Cidadania do Idoso (CRECI) , Centro de Referência da Dança (CRD) na Galeria Formosa, e o Atendiment­o ao Servidor (IPREM) na Galeria Prestes Maia.

Na galeria Prestes Maia, são propostos estruturas móveis ou com estrutura independen­te nas marquises exteriores e áreas de alimentaçã­o e de compras no seu interior. Já na galeria Formosa a prefeitura propõe um café que se integre com a parte térrea externa da galeria e à praça Ramos de Azevedo; um ateliê onde poderão ser recebidos usos ligados as artes, educação e produção de conteúdo; e um bar, que se integre ao túnel subterrâne­o que liga a galeria à rua Xavier de Toledo.

A pandemia do novo coronavíru­s pode significar um novo entrave. Devido à crise econômica anterior, a prefeitura já enfrentava problemas em seus planos de desestatiz­ação. Além disso, alguns dos negócios propostos como fonte de receita, em locais fechados, podem enfrentar desafios extras em um cenário de isolamento prolongado.

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Jardiel Carvalho - 23.mar.20/Folhapress Obras na região do Anhangabaú, no centro de São Paulo, em março

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