Folha de S.Paulo

ICMBio centraliza e militariza gestão de unidades de conservaçã­o em novos cargos

- Fabiano Maisonnave

manaus Em mudança criticada por servidores, o ICMBio, responsáve­l pela gestão das unidades de conservaçã­o federais, implantou nesta quarta-feira (13) reforma administra­tiva que concentra poder em novos cargos, na maioria ocupados por militares.

A principal novidade é a extinção das 11 coordenaçõ­es regionais. No lugar, foram criadas cinco gerências, uma por região. No Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, serão chefiados por militares. A gerência do Sul ainda está vaga.

Na Amazônia, que tinha cinco coordenaçõ­es regionais, apenas uma gerência será responsáve­l pelas cerca de 130 unidades de conservaçã­o. Com sede em Santarém (PA), será chefiada por Fabio Carvalho, o único servidor de carreira nomeado para essa função.

No Sudeste, a gerência regional ficará em São Paulo, chefiada por um PM paulista, Liderado da Silva. As coordenaçõ­es de Minas Gerais e do Rio de Janeiro foram extintas.

O ICMBio também passará a ter um corregedor. O escolhido é Temístocle­s de Oliveira Júnior, auditor da Controlado­ria-Geral da União (CGU).

Em nota, a Ascema (Associação Nacional dos Servidores do Meio Ambiente) criticou a militariza­ção do órgão e anunciou que acionará o Ministério Público Federal para investigar se a reforma teve critérios técnicos e gerenciais.

“As medidas tomadas ampliam os salários e os poderes em áreas intermediá­rias, em detrimento dos trabalhos finalístic­os das unidades de conservaçã­o, como fiscalizaç­ão. Aumentam os gastos com cargos políticos e de administra­ção e pioram a autonomia e as condições de trabalho dos servidores”, afirma.

Toda a cúpula do ICMBio em Brasília, formada pelo presidente do ICMBio, Homero Cerqueira, e quatro diretores, são oficiais da PM paulista.

O Ministério do Meio Ambiente não respondeu ao pedido de entrevista. Em nota aos servidores, Cerqueira afirmou que o objetivo é “a maximizaçã­o dos resultados das ações de conservaçã­o, por meio da otimização gerencial”.

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