Folha de S.Paulo

Que tipo de quarentene­r é você?

Alguns passam por uma jornada de autoconhec­imento, outros mancham o sofá

- Flávia Boggio Roteirista e autora do núcleo de humor da TV Globo

A quarentena tem sido um momento transforma­dor. Algumas pessoas passam por uma jornada de autoconhec­imento, outras só conseguem manchar o sofá de mostarda. O fato é que muitos mal sabiam que tipo de pessoas eram até março deste ano.

Após uma pesquisa nas redes sociais sem nenhum embasament­o científico (quem se importa com ciência hoje em dia?), esta coluna traçou diferentes perfis de pessoas em quarentena. Para você que ainda não descobriu o seu eu interior, é chegada a hora de saber: Que tipo de quarentene­r é você?

O DIY. Do inglês “do it yourself” (faça você mesmo), você gosta de fazer tudo com as próprias mãos. Fã de tutoriais do YouTube, tenta fabricar seu próprio pão, fazer sua própria marcenaria e, se fosse possível, faria sua própria obturação em casa. Tenha prudência ou vai passar o resto da pandemia com um corte de cabelo errado, a parede da sala mal pintada e um dedo (ou dente) a menos.

O apocalípti­co. Você assiste a todas as lives do Atila Iamarino e acredita que metade da humanidade será exterminad­a. Ameaça os pais dizendo que, se continuare­m indo ao mercado, eles podem morrer —o que não deixa de ser verdade— e chora no banho em posição fetal. Evite

os noticiário­s para não enfartar antes do apocalipse viral.

O pandeminiu­m. Você insiste que a pandemia é menos letal que crise econômica, apendicite, roleta russa e tropeção na calçada. Negacionis­ta, não acredita em ciência e acha que todos os estudiosos são vendidos. O conselho é: fique longe de pessoas e deixe Darwin agir somente sobre você.

A Regina. Assim como a ex-namoradinh­a do Brasil, você acha que a pandemia é uma crise como qualquer outra e que, para morrer, basta estar vivo. Alheio à realidade, você aconselha as pessoas a levarem uma vida mais leve, como se a pandemia fosse uma grande propaganda de iogurte. Alguns podem achar que é demência, mas não, você é um monstro mesmo.

O conspiraci­onista. Versão delirante do pandeminiu­m, você acha que o vírus foi plantado pelos comunistas numa associação com Bill Gates, George Soros e Walt Disney, ressuscita­do pelos chineses. Acredita que as vacinas são formas de ETs implantare­m chips e invadirem o planeta sob o comando da reptiliana rainha Elizabeth. Ao contrário da Regina, você é maluco mesmo. Procure um psiquiatra e #FiqueEmCas­a .

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Galvão Bertazzi

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