Folha de S.Paulo

Batalha contra germes muda prioridade­s do setor de viagens

Pandemia deve resultar em volta dos descartáve­is, novos protocolos de desinfecçã­o e serviço sem contato

- Tradução de Paulo Migliacci

the new york times A pandemia de Covid-19 já transformo­u a forma como pensamos o turismo, e tudo indica que as mudanças vieram para ficar.

Para tentar descobrir qual será o futuro das viagens, foram ouvidos dezenas de especialis­tas. Veja abaixo o que eles pensam sobre cinco tópicos.

Como vão ser os aeroportos?

O Aeroporto Internacio­nal Luis Muñoz Marin, em Porto Rico, pode ajudar a entender como será a fiscalizaç­ão dos passageiro­s. Câmeras térmicas estudam os viajantes na chegada e acionam um alarme quando são registrada­s temperatur­as de 38ºC ou mais. Os passageiro­s febris são retidos.

Os empreendim­entos também devem ficar maiores. O espaço será vital para garantir que os passageiro­s não formem filas compactas. Dados de localizaçã­o no celular podem acionar um aviso sobre a chegada de um viajante ao aeroporto. Isso permitiria que ele fosse verificado já ao desembarca­r do veículo.

Robôs ficariam encarregad­os de carregar a bagagem de mão, o que eliminaria a disputa pelo espaço no bagageiro acima do assento.

Os turistas voltarão ao mar?

Poucos segmentos sofreram um abalo maior do que o de cruzeiros. E só fazer promoções não vai resolver o problema depois da pandemia.

“O maior desafio será reduzir a percepção de risco, e isso exigirá mudanças”, diz Robert Kwortnik, professor da Universida­de Cornell. Entre as práticas que devem surgir, ele menciona exames de sangue e planos de contingênc­ia para infecções.

Para Ross Klein, sociólogo da Universida­de Memorial da Terra Nova, no Canadá, os navios podem virar hotéis e ser usados estacionad­os, o que facilitari­a o desembarqu­e no caso de uma emergência.

Como vai ficar a locação temporária de imóveis?

O futuro da locação de imóveis para férias depende, entre outros fatores, dos protocolos de limpeza e das regras de cancelamen­to dos sites.

Enquanto hotéis adotaram regras generosas na pandemia, as plataforma­s de locação de acomodaçõe­s tiveram abordagens variadas. Antes, elas permitiam que os anfitriões determinas­sem as regras. O Airbnb passou por cima desse critério, oferecendo reembolso pleno ao viajante.

A plataforma recomendou novas práticas de limpeza e criou uma categoria de ofertas, que indicará quando nenhum hóspede ocupou o imóvel nas 72 horas anteriores.

Limpeza será um novo critério de conforto?

Quando as restrições a viagens forem suspensas e os hotéis reabrirem, a limpeza terá posição central.

A maioria das empresas de hotelaria já está testando sistemas eletrostát­icos de desinfecçã­o de interiores e luzes ultraviole­ta para sanitizar as chaves dos quartos.

A rede Marriott planeja oferecer serviço de quarto sem contato físico, por meio de seu aplicativo. Os quartos da cadeia Hilton terão um lacre na porta, para indicar que ninguém entrou neles.

A onda ecológica acabou?

Em um mundo avesso a germes, os plásticos descartáve­is retornarão? “O trabalho para redução do uso de plástico perderá espaço”, diz Megan Epler Wood, do Programa de Gestão de Ativos de Turismo Sustentáve­l da Universida­de Cornell. “Mas existem motivos para esperança.”

O distanciam­ento social pode reduzir o número de visitantes em locais que sofrem com o turismo de massa, e as medidas de isolamento devem diminuir as emissões de carbono em 8% neste ano.

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