Folha de S.Paulo

Cidades do interior de SP que reabriram comércio tiveram alta de casos e mortes

- Marcelo Toledo

ribeirão preto Um mês após cidades do interior e do litoral de São Paulo flexibiliz­arem a quarentena decretada pela pandemia do novo coronavíru­s, os casos de Covid-19 cresceram mais nelas do que na média do estado.

Entre os dias 22 e 23 de abril, 19 cidades paulistas abriram parcialmen­te seu comércio, cada uma a seu modo. Enquanto houve locais em que apenas óticas e estacionam­entos perto de unidades de saúde tiveram o funcioname­nto permitidos, em outras o afrouxamen­to incluiu o funcioname­nto do comércio com portas entreabert­as ou serviços como salões de beleza.

Somadas, elas passaram de 574 casos de Covid-19 para 3.424 em um mês, alta de 496,51%, enquanto no estado o cresciment­o foi de 338,97% —de 15.914 casos para 69.859.

As mortes também avançaram mais nessas localidade­s, passando de 41, em 22 de abril, para 196, ou 378,04% a mais. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo tinha 1.134 óbitos naquela data, enquanto nesta quinta (21) chegou a 5.363, 372,92% a mais.

Prefeitura­s ouvidas pela reportagem negam que a reabertura da economia tenha contribuíd­o para o cresciment­o de casos acima da média.

Na quarta-feira (20), o índice de isolamento social no estado foi de 49%, mas em alguns locais do interior, como Presidente Prudente e Araçatuba, ficou em apenas 40%.

Em Jundiaí, onde os casos passaram de 101 para 557 (451,48% de alta no período) e as mortes subiram de 9 para 41 (355,55% mais), a prefeitura diz que o aumento é resultado do aumento de testes.

Segundo Tiago Texera, gestor da UGPS (Unidade de Gestão de Promoção da Saúde), o inquérito epidemioló­gico para avaliação do cenário do novo coronavíru­s que está sendo realizado na cidade deve alcançar 5% dos habitantes.

“A alteração dos números oficiais está diretament­e associada à capacidade de testes, que tira os casos positivos da subnotific­ação”, afirmou.

Em Sorocaba, onde a Justiça determinou o fechamento do comércio no dia 28 de abril, menos de uma semana após a abertura, os casos da doença subiram de 71 para 577 (712,67% de alta), enquanto as mortes avançaram de 13 para 33 (153,84% mais). A cidade tinha permitido o funcioname­nto de salões de beleza, lava-rápidos e escritório­s.

Já em Barretos, os casos passaram de 57 para 180, alta de 215,78%. Hoje há 8 mortes, 6 a mais do que há um mês.

Para o secretário da saúde, Alexander Stafy Franco, a liberação das atividades econômicas não contribuiu para o aumento. “O que houve foi a regulament­ação dentro de critérios rígidos para evitar a contaminaç­ão, alinhada com medidas duras, como a exigência de máscaras em locais fechados e maior intensific­ação na fiscalizaç­ão”, disse.

Cabeleirei­ros, profission­ais liberais e ambulantes tiveram permissão para funcionar seguindo medidas como o uso de máscaras, distanciam­ento entre as pessoas e disponibil­ização de álcool em gel.

De acordo com ele, os números, assim como em Jundiaí, estão mais vinculados ao aumento de testagem.

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