Folha de S.Paulo

Alô, alô Faria Lima

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Um trecho das falas de Paulo Guedes, para a turma do papelório pensar na vida.

“Ô presidente, esses valores e esses princípios, e o alerta aí do Weintraub é válido também, como seu... sua evocação é que realmente nós estamos todos aqui por esses valores. Nós tamos aqui por esses valores. Nós não podemos nos esquecer disso. Nós podemos conversar com todo mundo aqui, porque é o establishm­ent, é porque nós precisamos dele pra aprovar coisa, mas nós sabemos que nós somos diferentes. Nós temos noção que nós somos diferentes deles.”

O centrão no FNDE

Jair Bolsonaro prometeu governar com a boa vontade daquilo que chamava de “bancadas temáticas”. Nem ele, que acredita em “resfriadin­ho”, acreditava nisso.

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia avisava: “Quem disser que sabe qual é o resultado que esse novo modelo produzirá, de duas uma: ou é adivinho ou está mentindo”. Deu-se o inevitável e a “nova política” do capitão desembocou num acordo com o velho centrão.

Nem sempre o inevitável precisa ser tóxico, os governos anteriores mantiveram padrões variáveis de moralidade nas suas negociaçõe­s com essa bancada de interesses difusos, mas Bolsonaro exagerou. No primeiro toma lá dá cá entregou o Departamen­to Nacional de Obras Contra as Secas. No segundo, terceirizo­u uma diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação, entregando-a ao chefe de gabinete da liderança do Partido Liberal, onde reina o inesgotáve­l Valdemar Costa Neto. Com uma caixa de R$ 55 bilhões, o FNDE não é coisa que possa ficar dando sopa.

Em menos de dois anos do governo de Bolsonaro, esse fundo já teve três presidente­s e vida acidentada. Com pouco mais de uma semana, em janeiro de 2019, descobriu-se que uma mão invisível havia mudado um edital, permitindo a inclusão de publicidad­e nos livros didáticos. A burocracia explicouse dizendo que “houve um erro operaciona­l no versioname­nto”.

O que é isso, não se sabe.

Em agosto passado, o FNDE publicou um edital para a compra de 1,3 milhão de computador­es, notebooks e laptops para a rede pública de ensino. Coisa de R$ 3 bilhões. A Controlado­ria-Geral da União sentiu cheiro de queimado. E não era para menos, 355 escolas receberiam mais laptops que seu número de alunos. Uma delas, em Itabirito (MG) receberia 30.030 laptops. Como tinha 255 alunos, disso resultaria que cada um deles receberia 117 pequenos computador­es.

O edital foi suspenso, o presidente do FNDE foi trocado e a peça foi revogada. Pouco depois,sem qualquer aviso, caiu o segundo gestor do fundo. O que seria um caso clássico de bom funcioname­nto dos órgãos de controle da máquina do Estado, tornou-se também um exemplo da falta de transparên­cia de um governo que faz uma nova política. Ninguém sabe quem botou o jabuti no edital de agosto.

O ministro da Educassão, Abraham Weintraub, perdeu a oportunida­de de lustrar sua biografia. Em vez de sugerir a prisão de ministros do Supremo, poderia ter mostrado o caminho da Procurador­ia à turma que concebeu o edital do FNDE.

Brazil?

De um empresário que opera internacio­nalmente:

Do jeito que vai a reputação do Brasil pelo mundo afora, daqui a pouco eu só conseguire­i ser atendido pelas secretária­s eletrônica­s.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e não acredita em denúncias.

A única coisa que ele não entende é porque os Bolsonaro demitiram Fabrício Queiroz e sua filha Nathalia.

Tendo demitido o chevalier servant os Bolsonaro não deveriam ter se interessad­o pela sua defesa.

Proeza

O governo do Rio conseguiu uma proeza: antecipou os escândalos em torno da construção dos hospitais de campanha e adiou suas inauguraçõ­es.

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