Folha de S.Paulo

Cleber, 52, organizou o acervo de fotos da Portela

- Daniela Martins

Cleber Macedo dos Santos, 52, era carioca do bairro de Piedade. Filho da dona de casa Jupira, 75, e do mecânico de automóveis Dário, falecido há 14 anos, destacouse pela autenticid­ade desde cedo.

A irmã mais nova, Kátia, conta que ele sempre demonstrou com naturalida­de a sua homossexua­lidade e o ecumenismo religioso, mesmo em uma família tradiciona­l e católica praticante.

“Se escolhi a área da educação e sou hoje orientador­a pedagógica, é porque cresci vendo meu irmão lendo, porque ele me apresentou a Chico Buarque, Elis Regina, Ella Fitzgerald e me levava aos museus”, conta Kátia.

Quando Cleber comunicou à família que havia passado no vestibular para museologia, o pai ficou feliz por ver o filho em uma universida­de federal, mesmo sem saber o que era aquela profissão. Ele cursou também a Escola de Belas Artes da UFRJ.

A estabilida­de profission­al nunca aconteceu, mas ele não se afastou das artes. Teve uma locadora de vídeo e fazia críticas dos filmes para os clientes.

Trabalhou como cenógrafo e figurinist­a.

Organizou todo o acervo de fotografia­s e documentos da Portela. A escola de samba foi seu único emprego com carteira assinada.

Estava acima do peso e era hipertenso. No dia 6 de maio, acordou sentindo-se mal e ficou com os lábios azulados pela baixa oxigenação. Internado no Hospital Municipal Salgado Filho, faleceu em cinco dias.

Devoto de São Jorge, de Buda, dos orixás e dos deuses hinduístas, Cleber foi cremado na noite do dia 12. Deixou os sobrinhos João Paulo, 13, e Elisa, 3. A família tem certeza de ele que está no céu.

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Arquivo Pessoal
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Reprodução Publicação no Facebook de Celso

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