Cleber, 52, organizou o acervo de fotos da Portela
Cleber Macedo dos Santos, 52, era carioca do bairro de Piedade. Filho da dona de casa Jupira, 75, e do mecânico de automóveis Dário, falecido há 14 anos, destacouse pela autenticidade desde cedo.
A irmã mais nova, Kátia, conta que ele sempre demonstrou com naturalidade a sua homossexualidade e o ecumenismo religioso, mesmo em uma família tradicional e católica praticante.
“Se escolhi a área da educação e sou hoje orientadora pedagógica, é porque cresci vendo meu irmão lendo, porque ele me apresentou a Chico Buarque, Elis Regina, Ella Fitzgerald e me levava aos museus”, conta Kátia.
Quando Cleber comunicou à família que havia passado no vestibular para museologia, o pai ficou feliz por ver o filho em uma universidade federal, mesmo sem saber o que era aquela profissão. Ele cursou também a Escola de Belas Artes da UFRJ.
A estabilidade profissional nunca aconteceu, mas ele não se afastou das artes. Teve uma locadora de vídeo e fazia críticas dos filmes para os clientes.
Trabalhou como cenógrafo e figurinista.
Organizou todo o acervo de fotografias e documentos da Portela. A escola de samba foi seu único emprego com carteira assinada.
Estava acima do peso e era hipertenso. No dia 6 de maio, acordou sentindo-se mal e ficou com os lábios azulados pela baixa oxigenação. Internado no Hospital Municipal Salgado Filho, faleceu em cinco dias.
Devoto de São Jorge, de Buda, dos orixás e dos deuses hinduístas, Cleber foi cremado na noite do dia 12. Deixou os sobrinhos João Paulo, 13, e Elisa, 3. A família tem certeza de ele que está no céu.