GRUPO DE INTELECTUAIS CONCILIA CIÊNCIA E FÉ EM TEMPOS DE PANDEMIA
Acadêmicos e cientistas têm a missão de difundir que o conhecimento e a espiritualidade são complementares, cada um com seu papel
No momento em que a humanidade enfrenta um dos maiores desafios globais na área da saúde, a fé e a ciência mostram-se imprescindíveis. De um lado, cientistas trabalham para descobrir uma vacina que ponha fim à pandemia causada pela Covid-19. Do outro, as pessoas buscam a espiritualidade para superar esses dias de incerteza.
“Agora, mais do que nunca, é extremamente importante valorizarmos a ciência, pois ela nos dará a resposta a essa doença. Mas é a fé que nos dá esperança, nos ajuda a superar a ansiedade e o medo e nos liga às mãos de Deus”, afirma Tiago Campos Pereira, mestre e doutor em genética e biologia molecular pela Unicamp.
Tiago Pereira faz parte do grupo Ciência e Fé, criado pela Igreja Cristã Maranata, que tem como objetivo divulgar como o conhecimento e a espiritualidade podem se complementar. Cientistas, escritores, filósofos, acadêmicos, pesquisadores e professores universitários fazem parte desse time de notáveis que promove uma série de encontros para debater o assunto e superar preconceitos.
“O grupo Ciência e Fé tem como objetivo primordial mostrar a diferença fundamental entre ciência e fé. Muitas vezes o homem quer usar a ciência como base da fé, o que é desnecessário, já que ciência e fé têm origens diferentes, a saber, a ciência está abrigada na obra criadora e a fé tem origem na eternidade de Deus”, afirma Alex Sander de Moura, mestre em matemática pela UnB e doutor em engenharia elétrica pela UFMG.
Criada em 1968, a Igreja Cristã Maranata tem como objetivo divulgar as mensagens bíblicas e a iminente volta de Jesus. Possui cerca de 5.000 templos e está presente em mais de 200 países. A ideia de difundir que não há contradição entre conhecimento e espiritualidade é muito bem recebida pelos membros da Igreja, principalmente pelos mais jovens. “Temos crianças e adolescentes que têm mostrado bastante interesse, que querem começar uma atuação científica, e nós ajudamos as famílias a buscar o melhor caminho”, afirma Tarcísio Nunes Teles, doutor em física teórica pela UFRGS.
Tarcísio Teles explica que ciência e fé atuam em ambientes distintos. “Se você tem algum problema de saúde e existem recursos na ciência para ajudá-lo, estes devem ser usados. Já para a saúde da alma o único alimento é a fé, que, apesar de ser importante em momentos como este que enfrentamos, atua principalmente naquilo que não se vê.”
VIDA ETERNA
Graduado em odontologia e mestre em prótese pela PUC Minas, Miguel Faria Lima diz que as ações do grupo são demonstradas no dia a dia. “Na minha área, uso a tecnologia para devolver o sorriso às pessoas, mas e o coração delas? O homem só passa a ter um coração alegre quando tem a experiência de salvação com Jesus. A ciência nos ajuda a viver melhor e mais, mas, sem fé, o homem não vai transcender e entender que ele tem a vida eterna”, diz.
O poeta e escritor Carlos Najer, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia, juntou-se recentemente ao grupo Ciência e Fé e diz acreditar que a pandemia nos ajuda a entender melhor o papel da fé e da ciência em nossas vidas. “A ciência está tentando descobrir uma vacina, mas, enquanto isso, a única saída que ela nos apresenta é o isolamento social. Neste momento, a ciência está nos colocando dentro de paredes. A fé nos possibilita enxergar além dessa parede.”
A fé é um aspectochave na Bíblia. É o elo imaterial entre Deus e o homem. Possuímos milhares de genes valiosíssimos em nosso genoma, herdados de nossos pais biológicos e que permitem nossa vida nessa terra. Porém, a fé é a herança de nosso Pai celeste, a qual permite a vida eterna
Tiago Campos Pereira
é mestre e doutor em genética e biologia molecular pela Unicamp com pós-doutorado pela Universidade de Cambridge. É professor na USP em Ribeirão Preto
Não se pode explicar a fé com os elementos da obra criadora, mas podemos afirmar que a fé é o “firme fundamento”, como está escrito em Hebreus no capítulo 11, versículo 1. Firme fundamento pois vem da eternidade e não pode ser gerada, mas é geradora de vida
Alex Sander de Moura
é mestre em matemática pela UnB e doutor em engenharia elétrica pela UFMG. É professor-pesquisador na UFJF
A energia que não se sente veio da eternidade para se gerar vida eterna, a fé geradora de Jesus. E opera para a salvação. O homem que não tem uma fé com essa energia, a fé geradora, presente no poder do sangue de Jesus, padece para a morte, às vezes semsaber
Miguel Faria Lima
é graduado em odontologia e mestre em Prótese pela PUC Minas
Pode-se dizer que enquanto a ciência trata de um universo de coisas criadas, que são necessárias e úteis para a vida do homem, a fé está baseada em duas situações: “nas coisas que se esperam” e, principalmente, “naquelas que não se veem”, um outro universo que é eterno e imaterial
Tarcísio Nunes Teles
é doutor em física teórica pela UFRGS com pós-doutorado pelo Institute Nazionale di Fisica Nucleare em Firenze
Porque vivemos com a fé, noutra dimensão, saindo da obra criadora (biológica e mortal) para a obra redentora, que vislumbra a perenidade. Ao viver na revelação, na claridade da palavra em Deus, já contemplamos além do véu, além da aparência das coisas. O que é do homem sempre nasce de alguma coisa pré-existente. O poder de Deus faz nascer do nada
Carlos Nejar
é escritor e membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia