Folha de S.Paulo

Vou ter que sair do lugar onde estou com meus filhos em Malta

- Franciele da Silveira Auxiliar administra­tiva

Vim para Malta em fevereiro para trabalhar em uma grande empresa. Já tinha contrato para um ano, moradia, estava tudo certo. Trouxe meus dois filhos. Dei entrada no meu registro de trabalho e recebi uma autorizaçã­o provisória para permanecer no país. Só com esse documento eu poderia entrar com o pedido de legalizaçã­o de meus filhos.

No meio de março começou o “lockdown”, e a empresa me solicitou que tentasse voltar, pois não sabiam por quanto tempo teriam que parar de funcionar. Compramos passagem de retorno para 23 de abril, mas foram canceladas, e logo depois o aeroporto fechou. Não temos como comprar outro voo para voltar porque não recebemos o ressarcime­nto das passagens canceladas.

Estou morando no alojamento da empresa, mas já me solicitara­m sair por eu não ter mais vínculo com eles. Meus filhos estão com os vistos vencidos, e minha autorizaçã­o de trabalho foi anulada. É difícil estar longe da sua terra em meio a esse caos invisível que é a Covid-19.

Desde março, enviei inúmeros emails ao Itamaraty e à embaixada, mas eles apenas mandam respostas automática­s de que estão vendo o que podem fazer. Somos mais de 30 pessoas presas aqui. Nas redes sociais vejo muitos brasileiro­s sendo repatriado­s em outros países, e isso aumenta nossa indignação.

“Estou morando no alojamento da empresa, mas já me solicitara­m sair. [...] É difícil estar longe da sua terra em meio a esse caos invisível

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