Folha de S.Paulo

Minha família veio passar 20 dias de férias e ficou presa na Austrália

- Isamara Branco Estudante

Depois de quatro anos em Sydney, finalmente consegui reunir toda a família para me visitar. Minha mãe, meu pai e minhas duas irmãs chegaram em março, para passar 20 dias. A passagem de volta estava marcada pro dia 26, mas começou a pandemia e o voo foi cancelado. Já reagendara­m três vezes. A próxima data é 2 de junho, mas soube que será cancelado de novo —ou seja, estamos a Deus dará.

Existe um voo por outra empresa, mas custa US$ 1.800 [cerca de R$ 10 mil] só um trecho. Pagar isso para quatro pessoas é inviável. Tivemos um voo de repatriame­nto pela embaixada, mas minha família não conseguiu ser incluída. Meus pais largaram o emprego no Brasil. Minha mãe foi demitida, e o fato de ela estar longe contribuiu.

Moro com duas colegas e agora somos sete num apartament­o onde antes éramos três. Sabe acampament­o? Estamos assim, cultivando a paciência, a tolerância. O dono do apartament­o me notificou dizendo que eu estava sublocando o imóvel.

Expliquei a situação, mas ele não foi nem um pouco tolerante, mesmo em um momento como este. É muita pressão de todos os lados.

A embaixada nos trata com respeito, estão fazendo o que podem, mas são mil brasileiro­s que tiveram os voos cancelados e seriam necessário­s no mínimo três voos para que todos retornem. Soube que haverá outro em breve e estou confiante de que minha família será incluída.

A cidade está reabrindo, mas meus pais são do grupo de risco, então tentamos não ficar circulando. Eles estão loucos pra voltar, tem dias em que bate o desespero. Claro que é bom estarmos todos juntos, mas ao mesmo tempo é uma ansiedade muito grande. Até quando eles vão ter que ficar aqui? Do jeito que as coisas estão indo, até o Natal.

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