Folha de S.Paulo

Dívida de países ricos vai crescer o equivalent­e a dez PIBs do Brasil, diz OCDE

- Com São Paulo

londres e tóquio | financial times O combate às consequênc­ias econômicas do novo coronavíru­s deve custar aos países ricos US$ 17 trilhões em aumento na dívida pública, de acordo com a OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e o Desenvolvi­mento Econômico).

O valor equivale a cerca de dez PIBs do Brasil, quando medido em dólares (US$ 1,89 trilhão em 2018, segundo o Banco Mundial).

A expectativ­a é que, na média, a dívida pública dos membros da OCDE, espécie de clube dos países ricos, passe de 109% do PIB para 137% do PIB.

“Para 2020, o impacto econômico da pandemia da Covid-19 deve ser pior do que na grande crise financeira de 2008-09”, afirmou a OCDE.

Há uma década, o pensamento econômico predominan­te sugeria que, além de 90% do PIB, a dívida de um governo se tornava insustentá­vel.

Embora hoje a maioria dos economista­s não acredite agora que exista um limite tão claro, muitos ainda sustentam que permitir que a dívida pública aumente cada vez mais ameaçaria minar os gastos do setor privado, criando um empecilho para o cresciment­o.

No Brasil, trabalho coordenado pelo economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha, estima que a despesa extraordin­ária com a pandemia de coronavíru­s pode superar R$ 900 bilhões.

Com isso, o déficit nas contas públicas irá a R$ 1,2 trilhão em 2020, cerca de dez vezes o projetado no início do ano.

Atingido esse valor, a dívida bruta do governo vai superar 100% do PIB neste ano e deverá levar pelo menos uma década para ficar novamente abaixo desse patamar, com grandes chances de não retornar ao nível anterior à crise, de 76%, diz o estudo.

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