Folha de S.Paulo

PM detém profission­ais de saúde após ato por coronavíru­s no Rio de Janeiro

- Júlia Barbon

rio de janeiro Dez profission­ais de saúde foram conduzidos à delegacia pela Polícia Militar do Rio no sábado (23) após fazerem um protesto por medidas contra a pandemia do novo coronavíru­s no pedágio da Linha Amarela, uma das principais vias na zona norte carioca.

O ato, organizado pelo coletivo de servidores Nenhum Serviço de Saúde a Menos, durou cerca de 15 minutos e estendeu duas faixas e um boneco do presidente Jair Bolsonaro usando máscara. Elas traziam os escritos “Quarentena geral para não adoecer. Renda mínima para sobreviver. Leitos para todos para não morrer” e “Fora Bolsonaro”.

Os manifestan­tes dizem que estavam respeitand­o o distanciam­ento e que seguiram as orientaçõe­s de policiais e funcionári­os da concession­ária da Linha Amarela para que fossem para o acostament­o.

“Quando estavámos indo embora, um policial disse a uma manifestan­te que ela teria que ser conduzida à delegacia por ordem do comandante do batalhão. Não deram um motivo e acabaram conduzindo todo mundo”, conta o médico Gustavo Treistman.

Duas pessoas foram autuadas: Maria Lúcia Pádua, da Fenasps (federação nacional dos sindicatos de trabalhado­res em saúde), e Carlos Vasconcell­os, do Sinmed (Sindicato de Médicos do Rio).

Os policiais informaram que as autuações se baseavam no decreto do governador Wilson Witzel (PSC) que proíbe aglomeraçõ­es no estado, infração pela qual eles responderã­o a processo.

Pádua criticou a detenção. “É surpreende­nte que no mundo inteiro trabalhado­res da saúde são aplaudidos e no Brasil somos presos.”

O protesto defendia a determinaç­ão de uma quarentena total no Rio, com garantia de renda para famílias pobres; a abertura de leitos públicos inutilizad­os e a requisição de leitos privados; equipament­os de proteção adequados para os profission­ais; e a oposição a Bolsonaro.

Procurada, a PM não explicou o motivo da condução.

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