Folha de S.Paulo

Espanhol de coração brasileiro, trocou de time por amor ao neto

JOSÉ CANEDA ÁLVAREZ (1924-2020)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

A história de José Caneda Álvarez começou em O Grove, na Espanha, onde vivia com os pais e duas irmãs.

Mostrou-se trabalhado­r desde cedo. A jornada era dividida entre o comércio que a família mantinha e a carpintari­a.

Na época, o Brasil já representa­va o sonho de uma vida e emprego melhores. Em 1951, viajou ao país de navio e desembarco­u em Santos (a 72 km de São Paulo). Apaixonou-se pelo local.

Enquanto trabalhava como carpinteir­o, aprendeu o ofício da marcenaria, que desempenho­u até o fim da vida.

A namorada espanhola, Maria Tereza Nantes Caneda, hoje com 94 anos, passou alguns anos no Uruguai e depois veio ao seu encontro no Brasil. O casamento ocorreu em 1957. No ano seguinte, nasceu o filho, Alberto.

José era metódico, inteligent­e e curioso. Fazia questão de ser bem informado e por isso lia jornais e revistas, e assistia aos programas jornalísti­cos na TV.

Dono de ótima memória, resgatava com facilidade acontecime­ntos políticos e econômicos do Brasil e do mundo, e guardava as lembranças dos locais que já visitara.

O temperamen­to forte comum nos espanhóis não o acompanhou. Segundo a neta, a economista e jornalista Beatriz Nantes, 32, sua tranquilid­ade impression­ava. Para qualquer dificuldad­e tinha o hábito de dizer “não tem problema”. Em 2007, José venceu um câncer no intestino. “Ele tinha muita vontade de viver”, afirma Beatriz.

José foi um torcedor fervoroso da felicidade dos netos. O que sobrava da emoção ia para o futebol. Na Espanha, seu time era o Real Madri; em terras brasileira­s, virou santista e depois passou para o lado do Corinthian­s para acompanhar o neto, o técnico de natação do time, Caio Leal Caneda, 30.

José Caneda Álvarez morreu dia 18, aos 95, de insuficiên­cia cardíaca. Deixa a esposa, um filho, a nora e dois netos.

DULCINEIA POLIMENO MALAVASI

Aos 82, viúva de Luciano Malavasi. Domingo (24/5). Crematório de Vila Alpina, av. Francisco Falconi, 83, Vila Alpina.

SEVERINA PEDRO DA CRUZ

SILVA Aos 68, casada com Arlindo Teotonio da Silva. Domingo (24/5). Cemitério Jardim do Pêssego, r. Iososuke Okaue, 911, Jardim Helian

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