Folha de S.Paulo

Terça insana e alemã

Bayern enfrenta Borussia Dortmund e está às portas de ser campeão pela 8ª vez seguida, um escândalo!

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Só mesmo em tempos de pandemia, e com estádios vazios, para um clássico decisivo ser disputado numa modesta terça-feira. Pois nesta (26), o segundo colocado Borussia Dortmund recebe o líder Bayern de Munique no que pode ser o fim do Campeonato Alemão, caso a equipe bávara vença e livre sete pontos de vantagem, ainda na 28ª rodada do torneio de 34.

Se no retorno do futebol germânico o Borussia voltou a todo vapor (4 a 0 no Schalke 04) e o Bayern devagar (2 a 0 no Union Berlim), no sábado (23) foi o inverso. Os amarelos de Dortmund jogaram com freio de mão puxado e o suficiente para fazer 2 a 0 no Wolfsburg, enquanto os vermelhos de Munique enfiaram 5 a 2 no Eintracht Frankfurt.

O Bayern está às portas de ser campeão pela oitava vez seguida, um escândalo!, e pela 30ª vez, quase um monopólio.

Basta dizer que o segundo clube com mais títulos é o Nürnberg, hoje na segundona, com apenas nove, número que o Borussia Dortmund alcançará se ainda conseguir superar o rival.

Para quem não tem time no país germânico, a vitória dos anfitriões nesta terça insana, às 13h30 em transmissã­o da Fox Sports, com sinal aberto, servirá para manter aceso o interesse no campeonato.

Porque, convenhamo­s, sem torcida, mesmo com som dela, como fez o Bayern na goleada, a exemplo, aliás, do que fizera o Corinthian­s contra o Ituano, em março passado, e com o primeiro colocado impondo diferença de duas rodadas, além do gosto de chupar bala com papel, a guloseima ficará gelada.

A grande novidade do fim de semana alemão foi a ausência de gols de Haaland. O norueguês não só passou em branco como deu uma furada espetacula­r ao deixar de fazer o 1 a 0, do que se aproveitou o franco-português Raphael Guerreiro para abrir a contagem.

A esperança está no técnico suíço Lucien Favre, do Borussia, saber explorar as deficiênci­as da defesa do Bayern, que levou dois gols de bola parada, ambos do zagueiro Martin Hinteregge­r, autor também do quinto, para o adversário. Verdade que podem ser debitados ao acomodamen­to da ótima dupla Boateng/Alaba, pois o poderoso líder vencia por 3 a 0. Impossível pensar na repetição do afrouxamen­to com Haaland em campo.

Enfim, é o que temos por enquanto, este filosofar em alemão, como diria Caetano Veloso.

Pimenta na língua

Antigament­e havia mãe que punha pimenta na língua de filho boca suja. A de Vanderlei Luxemburgo, dona Rosa, não pôs e ele é famoso pelos palavrões ditos nas preleções e na beira do gramado. Não só ele, é verdade. Mas o treinador parece aluno de colégio de freira se comparado com o presidente da República que defende a família brasileira.

A reunião dos milicianos, a gosto dos bolsominio­ns, comprovou que os ministros da deseducaçã­o e dos direitos desumanos deveriam estar internados ao lado de seu líder intervenci­onista na Polícia Federal, que Jegues leu Keynes e outros 24 livros sem entendêlos e que Sales, vendas em inglês, é simplesmen­te pusilânime ao querer fazer passar sua pornográfi­ca boiada.

É preciso não ter espinha dorsal para suportar cinco minutos do clima testemunha­do pelo país graças à didática decisão de Celso de Mello. Só o Urubu de Taquaritin­ga, cujas sôfregas narinas se deliciam com o cheiro dos cadáveres que a inadequada cloroquina ajuda a produzir, para criticar a decisão do ministro do STF.

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