Brasil supera 30 mil mortos de Covid-19; SP bate recorde
Em marcas inéditas, ministério confirma 1.262 óbitos em 24h, 327 deles no estado
O Brasil confirmou 1.262 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, um número recorde, e superou 30 mil óbitos desde o início da pandemia, em menos de três meses. Ao todo, o país tem 31.199 vítimas e 555.383 casos identificados da doença.
São Paulo também registrou ontem números inéditos. Foram 327 mortos e 6.999 novos contaminados. O total de mortos pelo vírus no estado é de 7.994. De acordo com a secretaria de Saúde, a ocupação de leitos de UTIs paulistas é de 73,5%.
A taxa de contágio brasileira foi calculada pelo Imperial College em 1,13, ou seja, cada 100 pessoas contaminam outras 113, ampliando a disseminação do vírus. É a sexta semana consecutiva em que o país apresenta esse índice acima de 1.
Para a Organização PanAmericana da Saúde, a alta constante de casos e mortes preocupa, e é difícil dizer se haverá contenção nas próximas semanas se não forem tomadas medidas de distanciamento e ampliada a capacidade de testes.
brasília e bruxelas O Brasil confirmou 1.262 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, um número recorde, e ultrapassou a marca tétrica de 30 mil óbitos desde o início da pandemia.
O recorde anterior era de 1.188 novas mortes, de 21 de maio, dia em que o Brasil passou a marca de 20 mil óbitos.
Ao todo, o país tem 31.199 mortes e 555.383 casos confirmados —28.936 novos casos registrados nas últimas 24 horas. Os dados são do Ministério da Saúde.
Em número de casos, o Brasil tem o segundo maior número global, atrás apenas dos EUA, e a transmissão continua se acelerando, segundo estimativa divulgada nesta semana pelo Imperial College. Em número de mortes, o Brasil é o quarto, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Segundo disse nesta terça o diretor de doenças infecciosas da Opas (Organização PanAmericana da Saúde), Marcos Espinal, o crescimento de casos de coronavírus e mortes no Brasil é muito preocupante e é difícil dizer que essa alta vai ser contida nas próximas semanas se não forem tomadas medidas de distanciamento e ampliada a capacidade de testes no país.
A taxa de contágio brasileira foi calculada em 1,13, ou seja, cada 100 pessoas contagiam outras 113, ampliando a expansão da doença. É a sexta semana seguida em que o Brasil apresenta uma taxa de contágio acima de 1, e o centro britânico estima que vão ocorrer 8.580 mortes nesta semana, maior número entre 53 países e mais que o dobro do calculado para o México, segundo colocado (os EUA são analisados à parte).
O diretor da Opas disse também que é alarmante que o número de municípios que reportaram casos tenha mais que dobrado entre os dias 11 e 25 de maio, com um aumento de cerca de 170%.
Segundo ele, não se pode generalizar, já que o país é muito vasto e estados têm adotado medidas diferentes, mas a evolução geral mostra que é preciso reforçar restrições à mobilidade para frear a contaminação. No entanto, vários estados têm iniciado seus planos de reabertura.
O especialista disse ainda que o Brasil não está fazendo testes suficientes, o que é considerado fundamental para permitir a retomada das atividades. Nesta terça, o país atingia cerca de 440 testes por 100 mil habitantes, enquanto outros países da região passam de 2.500, disse Espinal.
A taxa de testes chega perto de 5.500 por 100 mil habitantes nos Estados Unidos e passa dos 3.000 por 100 mil no Chile e no Peru.
Segundo o brasileiro Jarbas Barbosa, diretor-assistente da organização, não existe um índice ótimo de testes, mas ele precisa ser suficiente para todos os casos suspeitos, todos os contatos dos casos suspeitos e todos os profissionais de saúde: “Esse é o mínimo necessário para seguir o caminho do vírus e cortar esse caminho, interrompendo a transmissão.”
Barbosa disse também que, em países onde o número de casos de coronavírus continua crescendo, não é seguro relaxar confinamentos, principalmente quando não há capacidade de testagem e rastreamento. “O contágio pode voltar a se acelerar”, disse ele.
Segundo Espinal, preocupam no caso brasileiro a taxa de ocupação de UTIs em estados como Ceará, Amapá e Maranhão. “Medidas de mitigação não estão sendo suficientes para segurar o avanço da epidemia. É preciso fazer mais.”
A diretora da Opas, Clarissa
Etienne, afirmou que a dificuldade de combate à pandemia na América Latina é maior porque é uma região “de desigualdade socioeconômica máxima, com megametrópoles em que muitos vivem aglomerados, dependem de transporte público e não têm acesso à saúde”.
Segundo ela, em vez de apressar o desconfinamento, os governos precisam ampliar redes de proteção econômicas e sociais, para aumentar a adesão da população às medidas necessárias para conter o coronavírus.
Nesta terça, o governo Bolsonaro completou 18 dias sem ministro da Saúde em meio à pandemia. O titular anterior da pasta, Nelson Teich, não ficou um mês no cargo, depois de ter substituído Luiz Henrique Mandetta, demitido em 16 de abril.
A secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, protagonista nos trabalhos relacionados a doenças infecciosas, também está sem titular. A vaga que era de Wanderson de Oliveira, que deixou a pasta, entrou nas negociações de cargos do governo com parlamentares do centrão.
Em entrevista no Palácio do Planalto nesta terça, o secretário-executivo substituto da pasta, coronel Élcio Franco, minimizou as lacunas. “Todas as funções do ministério têm nomeados eventuais substitutos, então isso não faz a máquina parar de funcionar, ela continua girando”, disse. O general Eduardo Pazzuelo responde como ministro interino.
O Ministério da Saúde também afirmou que o governo federal já repassou a estados e municípios R$ 7,7 bilhões para o enfrentamento da Covid-19.
Na apresentação dos dados à imprensa, a pasta fez questão de ressaltar que a compra desses equipamentos é de responsabilidade dos governos locais e que o Ministério da Saúde realiza um esforço de apoio.
‘Lamento os mortos, mas é o destino de todos’, diz Bolsonaro
são paulo | uol O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentou, na manhã desta terça (2), os mais de 30 mil óbitos no Brasil por causa do novo coronavírus, mas apontou que a morte é o “destino de todo mundo”.
A fala veio após uma apoiadora pedir, na saída do Palácio da Alvorada, que Bolsonaro enviasse uma mensagem de conforto para as famílias em luto na pandemia. “A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”, disse o presidente.
Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina. Para o chefe do Executivo, quem critica o medicamento precisa apresentar alternativas.
A cloroquina não tem eficácia comprovada, mas o governo federal mudou recentemente o protocolo sugerindo o uso também em casos leves.
Países como a França suspenderam a aplicação diante de resultados de estudos, e a OMS (Organização Mundial da Saúde) não só não recomenda seu uso como interrompeu pesquisa com hidroxicloroquina por causa dos riscos de arritmia e morte.