Grupo hacker expõe dados de Bolsonaro e de seus filhos
PF vai apurar divulgação de dados do presidente e filhos pelo Anonymous Brasil
Jair Bolsonaro e dois de seus filhos, o vereador Carlos e o deputado federal Eduardo, foram alvos de um perfil que se identifica como sendo do grupo Anonymous Brasil. Os hackers divulgaram dados pessoais, como telefones e endereços. Bolsonaro classificou o caso como uma “clara medida de intimidação”. O GSI e a PF vão apurar o vazamento.
brasília e são paulo O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e dois de seus filhos, o vereador Carlos (RepublicanosRJ) e o deputado federal Eduardo (PSL-SP), foram alvos de um perfil de que se identifica como sendo do grupo de hackers Anonymous Brasil. O caso aconteceu nesta segundafeira (1º).
Bolsonaro classificou como “clara medida de intimidação” a divulgação de dados pessoais seus e de dois de seus filhos. Em uma publicação em rede social, o presidente também afirmou que está adotando medidas legais contra os responsáveis.
“Em clara medida de intimidação o movimento hacktivista ‘Anonymous Brasil’ divulgou, em conta do Twitter, dados do presidente da República e familiares. Medidas legais estão em andamento, para que tais crimes não passem impunes”, escreveu.
O Ministério da Justiça determinou à Polícia Federal a instauração de um inquérito para apurar o vazamento de dados.
“Determinei à PF a abertura de inquérito para investigar vazamento de informações pessoais do presidente Jair Bolsonaro, seus familiares e demais autoridades. As investigações devem apurar crimes previstos no Código Penal, na Lei de Segurança Nacional e na Lei das Organizações Criminosas”, afirmou o ministro André Mendonça em rede social.
O caso também é apurado pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Ao UOL, o diretor do Departamento de Segurança da Informação, vinculado ao GSI, general Antônio Carlos de Oliveira Freitas, confirmou a investigação. Ele afirmou ainda que o Twitter, plataforma onde foram divulgadas as informações, agiu rápido para derrubar as mensagens.
Os dados vazados, em sua maioria, são públicos e estão disponíveis em informações prestadas pelos atingidos à Justiça Eleitoral e a órgãos de controle da União.
Procurado pela Folha, o grupo afirmou que divulgou o número do CPF, telefones e WhatsApp, emails, endereços, renda e bens. No site da Justiça Eleitoral há uma lista dos bens e salários de todos os políticos —dados pessoais, porém, não eram públicos.
Também foram expostas informações atribuídas à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, e ao deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP). Pouco depois, as informações foram retiradas do ar.
Em suas redes sociais, Carlos Bolsonaro vinculou a divulgação dos supostos dados ligados a ele aos atos pró-democracia realizados no domingo (31) contra o presidente.
“A turma ‘pró-democracia’ vazou meus dados pessoais e de outros na internet. Após vermos violações do direito à livre expressão, agora ferem a privacidade. Soba desculpa de‘ combater o mal ’, justificam seus crimes e fazem justamente aquilo quenos acusam, mas nunca provam !”, escreveu Carlos Bolso na roem sua conta no Twitter.
Garcia, também pela rede social, confirmou que seus dados são verdadeiros e disse que faria um boletim de ocorrência.
“Os dados foram soltos no dia 1 de junho, às 21h30, pelo @AnonymouBr asil. Depois dissohouveu ma discussão como Douglas [Garcia] e fomos suspensos”, afirmou o grupo.
Após ser suspenso pela rede social, o grupo criou um novo endereço. “Estávamos há 8 anos com o twitter @AnonymouBrasil, depois dos vazamentos do Bolsonaro, filhos e afiliados, a conta foi suspensa. Seguimos com essa secundária.” Um outro perfil também criado pelo Anonymous chegou a publicar fotos de um dos documentos.
Um deles mostra o registro de uma empresa digital, com capital social de R$ 1.000, em nome de Bolsonaro e dos filhos. O endereço não foi exposto, mas o grupo incluiu uma foto da casa onde a empresa estaria registrada.
Os ministros Weintraub e Damares, além do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador de Bolsonaro, tiveram emails, telefones, endereços, perfil de crédito, renda, nomes de familiares e bens declarados divulgados.
“Estava refletindo em silêncio. Todavia, ontem [segunda], eu, minha esposa e crianças tivemos celulares e dados pessoais violados. Recebemos ameaças de morte e ofensas. Na madrugada anterior, objetos foram atirados em nossa sala e mais ameaças (filmado e B.O.). Vejam o grupo que nos ataca”, afirmou o ministro da Educação em suas redes sociais.
Weintraub disse ainda que esses episódios têm se repetido pelo país. “Muitas famílias patriotas estão sendo ameaçadas. Nossos lares não estão mais seguros. Querem nos calar. Não me lamento, escolhi essa trilha. A luta pela LIBERDADE e a defesa da ordem é fundamental para termos um país onde criar nossos filhos.”
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos não confirma a autenticidade dos dados da ministra Damares Alves, mas divulgou nota repudiando “a divulgação criminosa de dados, em clara violação aos direitos fundamentais à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem”.
“A divergência de ideias jamais deveria ser justificativa para a prática de ação totalitária e antidemocrática como esta. Que os responsáveis sejam devidamente identificados e processados, nos termos da lei”, diz o texto.
Conrado Hübner Mendes
O colunista está em férias