Folha de S.Paulo

Para chefe da Palmares, ativismo negro é escória

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Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, chamou movimento negro de “escória maldita”.

são paulo Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, se referiu ao movimento negro como “escória maldita” em reunião privada de 30 de abril, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

Em conversa com funcionári­os do órgão, ligado à Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro, Camargo se queixou da ação de esquerdist­as supostamen­te infiltrado­s na fundação e incentivou seus subordinad­os a os entregarem, para que fossem demitidos.

“Se tiver um esquerdist­a aqui, vocês me digam onde está esse filho da puta que eu quero exonerar ou demitir”, diz, em gravação veiculada pelo jornal. Ele reclama que o movimento negro tolhe sua liberdade de expressão ao criticá-lo. “A esquerda acha que é propriedad­e, o negro é uma propriedad­e dela. Só pode expressar opinião da cartilha.”

Em seguida, ele externa a suspeita de que integrante­s do movimento negro são responsáve­is pelo sumiço de seu celular corporativ­o, segundo o jornal. “Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar. (...) O movimento negro, os vagabundos do movimento negro. Essa escória maldita.”

Camargo reclama ainda que foram vazadas informaçõe­s para “uma mãe de santo, uma filha da puta de uma macumbeira”, a que se refere como

Mãe Baiana, e diz que Zumbi dos Palmares “era um filho da puta que escravizav­a pretos”.

Em nota, Camargo lamentou “a gravação ilegal de uma reunião interna e privada” e reiterou estar “em sintonia com o governo federal, sob um novo modelo de comando, voltado para a população e não apenas para determinad­os grupos”.

As declaraçõe­s vêm à tona em momento em que a luta antirracis­ta ocupa as primeiras páginas dos jornais, com a intensa mobilizaçã­o que se seguiu à morte de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco em Minneapoli­s, nos EUA.

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para o cargo em novembro, Camargo teve a nomeação suspensa por liminar e foi reconduzid­o pelo Superior Tribunal de Justiça em fevereiro. Além de negar o racismo estrutural no país, ele chegou a afirmar que a escravidão foi “benéfica para os descendent­es” de escravizad­os no país.

“Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar. O movimento negro, os vagabundos do movimento negro. Essa escória maldita

Sérgio Camargo presidente da Fundação Palmares

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