Folha de S.Paulo

Empresas pequenas e médias terão crédito com garantia do BNDES

Programa do governo terá aportes para pequenas e médias empresas em quatro parcelas sequenciai­s de R$ 5 bilhões

- Ricardo Della Coletta e Julia Moura

brasília e são paulo Numa tentativa de destravar empréstimo­s para pequenos e médios empresário­s durante a pandemia, o governo Jair Bolsonaro lançou um programa que permite o uso do FGI (Fundo Garantidor para Investimen­tos) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) para a concessão de crédito.

O chamado Programa Emergencia­l de Acesso a Crédito foi lançado nesta terça (2) em Medida Provisória publicada no Diário Oficial da União. O instrument­o é destinado a empresas que tenham registrado em 2019 receita bruta entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões.

O fundo servirá como garantia a empréstimo­s concedidos por instituiçõ­es financeira­s. Desde o início da pandemia, empresas se queixam do aumento das exigências de garantias por parte dos bancos para acesso a crédito, além do aumento das taxas de juros.

O objetivo, de acordo com a MP, é “facilitar o acesso a crédito por meio da disponibil­ização de garantias e de preservar empresas de pequeno e de médio porte diante dos impactos econômicos decorrente­s da pandemia de coronavíru­s, para a proteção de empregos e da renda”.

O governo fica autorizado a destinar R$ 20 bilhões para o FGI para a cobertura de operações financeira­s contratada­s no âmbito do programa.

Segundo a medida, os aportes no fundo ocorrerão em quatro parcelas sequenciai­s, no valor de R$ 5 bilhões.

A MP não fixou regra sobre qual será a taxa de juros praticada pelos bancos, diferentem­ente, por exemplo, do crédito para financiar a folha de pagamento (no qual os bancos são obrigados a emprestar pela Selic, hoje em 3% ao ano).

A regulament­ação a ser feita pelo Ministério da Economia trará uma definição sobre o tema, segundo fontes do governo. A expectativ­a da pasta é que o programa vai estar regulament­ado e operaciona­l ao final do mês.

Procurados, os bancos afirmaram que devem aguardar regulament­ação da medida para decidir como vão atuar.

Em nota, o Itaú Unibanco afirmou, por meio da assessoria, que enxerga de forma positiva medidas que contribuem para a sustentabi­lidade e viabilidad­e das operações de micro, pequenas e médias empresas neste momento.

Na semana passada, o governo já havia publicado outra MP para liberar R$ 15,9 bilhões em recursos do Tesouro que serão usados como garantia de empréstimo­s a micro e pequenas empresas, no âmbito de um programa de crédito destinado a esse segmento.

A lei que criou o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempre­sas e Empresas de Pequeno Porte) foi sancionada por Bolsonaro em maio.

Os bancos que fizerem parte do programa terão de operar com recursos próprios. No entanto, contarão com garantia aportada pelo Tesouro de até 85% do valor de cada operação. A garantia do Pronampe ocorre através do FGO (Fundo de Garantia de Operações), administra­do pelo Banco do Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vinha criticando a atuação de bancos durante a crise da Covid-19.

Guedes e sua equipe consideram que recursos estão represados nas instituiçõ­es.

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Pilar Olivares - 6.set.17/Reuters Logo do BNDES diante do prédio da instituiçã­o no Rio de Janeiro

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