Folha de S.Paulo

Zuckerberg diz que não interferir­á em posts de Trump

- Tradução Luiz Roberto Mendes Gonçalves

san francisco Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook, defendeu firmemente sua decisão de não fazer nada sobre as postagens inflamadas do presidente Donald Trump na rede social, dizendo que tomou uma “decisão difícil”, mas que “foi bastante final”.

Em uma sessão de perguntas e respostas com funcionári­os por meio de software de bate-papo por vídeo, Zuckerberg procurou justificar sua posição sobre as mensagens de Trump, o que causou forte dissidênci­a interna. A reunião, que estava marcada para quinta (4), foi antecipada para terça (2) depois que centenas de funcionári­os protestara­m contra a inação, realizando uma espécie de “paralisaçã­o” virtual na segunda (1º).

Os princípios e políticas do Facebook em torno da liberdade de expressão “mostram que a ação certa no ponto em que estamos é deixar isso como está”, disse Zuckerberg, cujo áudio foi ouvido por The New York Times.

Ele acrescento­u que sabia que muitas pessoas ficariam contrariad­as com a empresa, mas uma análise de suas políticas corroborou sua decisão.

“Sabia que teria que separar minha opinião pessoal. Sabendo que quando tomássemos essa decisão muitas pessoas ficariam chateadas dentro da empresa, e as críticas da mídia que receberíam­os.”

Ele se manteve firme enquanto aumentava a pressão para que tomasse medidas sobre as mensagens de Trump.

Grupos de direitos civis disseram na noite de segunda (1º), após se encontrar com ele e Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, que era “totalmente perturbado­r” que a empresa não adotasse uma posição mais rígida sobre as publicaçõe­s beligerant­es de Trump, que contribuír­am para a retórica em torno dos protestos contra a violência policial nos últimos dias. E vários funcionári­os do Facebook se demitiram publicamen­te, um deles dizendo que a empresa acabaria “no lado errado da história”.

A dissidênci­a interna no Facebook

começou a surgir na semana passada, depois que a rede social rival, Twitter, adicionou rótulos aos tuítes de Trump indicando que o presidente estava enaltecend­o a violência e fazendo declaraçõe­s inexatas.

As mesmas mensagens de Trump também apareceram no Facebook. Mas o Facebook não modificou as postagens, incluindo uma em que Trump disse sobre os protestos: “Quando os saques começam, os tiros começam”.

Isso provocou críticas internas, com funcionári­os argumentan­do que era insustentá­vel deixar as mensagens que incitavam à violência. Eles disseram que Zuckerberg estava se curvando aos republican­os por medo de sofrer regulament­ação ou desmembram­ento da empresa.

Zuckerberg e Sandberg passaram os últimos dias reunindo-se com funcionári­os, líderes de direitos civis e outras partes indignadas para explicar a posição da companhia.

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Money Shar - 28.out.2015/AFP O executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg

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