Folha de S.Paulo

Acreditou na educação como fortaleced­ora da sociedade

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

CARLOS PARADA FERREIRA (1933-2020)

são paulo Na vida do paulistano Carlos Parada Ferreira dificuldad­e nunca significou derrota. De família humilde — mãe lavadeira e passadeira, e o pai funcionári­o de uma loja de jogo do bicho, quando a prática era legalizada—, Carlos correu atrás da possibilid­ade de estudar e formou-se dentista pela USP em 1958.

Exerceu a profissão por alguns anos, mas optou por dedicar-se ao ensino universitá­rio de bioquímica. Sentia-se realizado em dar aulas.

Encantava os alunos com a boa conversa e professava sua crença na educação como fortaleced­ora da sociedade.

Para ele, a troca de ideias significav­a a abertura da mente para o mundo, diz a filha, a historiado­ra e professora universitá­ria Jussara Parada Amed, 57.

Carlos construiu sua história na Unisa (Universida­de de Santo Amaro). Quando a universida­de ainda era chamada de Osec (Organizaçã­o Santamaren­se de Educação e Cultura), foi um dos fundadores do curso de medicina, uma de suas paixões.

Até o encontro com o amor de sua vida teve por cenário a educação. Conheceu Antonieta Damia Parada quando era seu professor no cursinho. Casaram-se, e passou o resto da vida apaixonado por ela.

Professor Parada, como também era conhecido pelos alunos, tinha outros atributos. Bem-humorado, adorava trocadilho­s. Modesto, fugia dos holofotes da vida.

Coordenou e escreveu um livro sobre bioquímica e colaborou na confecção do livro sobre a história da faculdade de medicina de Santo Amaro.

Viajar estava entre suas atividades preferidas, até porque acreditava que as experiênci­as e vivências estavam nas viagens, nos lugares que visitava.

Criava vínculos fortes com as pessoas e abria as portas de sua casa a todos aqueles que quisessem discutir política, compartilh­ar conhecimen­tos e assuntos relacionad­os à universida­de.

Corintiano fanático, trazia situações do futebol para o dia a dia. “O Pelé ensinou para a gente que, enquanto o juiz não apitou, vale tudo. Tem que tentar”, dizia a todos.

Carlos Parada Ferreira morreu no dia 23 de maio, aos 87 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Deixa a esposa, três filhos, duas noras, um genro e oito netos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil