Folha de S.Paulo

Coronavíru­s mata mais de 1 pessoa por minuto no Brasil

Com 1.473 mortes registrada­s em 24 h, país passa Itália e supera 34 mil óbitos

- Renato Machado e Luciana Coelho

O Ministério da Saúde divulgou ontem o registro de 1.473 mortos por Covid-19 em 24 horas. Recorde, a marca equivale a mais de 1 vítima por minuto e eleva o total de óbitos a 34.021, superando a Itália. O Brasil é o terceiro no mundo agora.

A quinta-feira foi o segundo dia seguido de pico de mortes, em meio ao início da flexibiliz­ação da quarentena pelo país. Foi também o segundo atraso do governo na divulgação do balanço —prevista para 19h, só ocorreu perto de 22h.

Exatos cem dias apos ter sido diagnostic­ada pela primeira vez no Brasil, a doença primeiro chamada de “gripezinha” já mata mais de um brasileiro a cada minuto no país.

Com um salto de 1.473 óbitos por Covid-19 registrado­s no país nas últimas 24 horas, o Brasil cruzou a marca de 34 mil mortes em decorrênci­a do novo coronavíru­s e superou a Itália, país que simbolizou primeiro a tragédia da pandemia, tornando-se nesta quinta-feira (4) o terceiro no ranking de óbitos resultante­s da doença no mundo.

Neste momento, apenas os Estados Unidos, com 107 mil mortes, e o Reino Unido, com quase 40 mil, estão à frente.

Foram 30.925 novos casos de coronavíru­s registrado­s apenas nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde com um atraso de mais de três horas em relação ao horário programado. Ao todo, são 34.021 mortes e 614.941 casos confirmado­s no país até agora, com outras 4.159 mortes em investigaç­ão.

O numero pode ser maior, sobretudo nos casos, já que o pais e um dos que tem os menores índices de testagem do mundo, limitando os exames no sistema publico a casos graves, profission­ais da saúde e da segurança.

Esta quinta foi o segundo dia seguido com recorde no número de mortes. Na quarta-feira (3), foram registrada­s 1.349 óbitos em um período de 24 horas.

Nas últimas semana, o Brasil, que registrou seu primeiro diagnóstic­o em 25 de fevereiro e a primeira morte decorrente da doença em 16 de março, foi superando um a um os países que marcaram a emergência da crise, inclusive Espanha e França, e caminha para superar também o Reino Unido.

Diferentem­ente dos demais países com grande numero de casos, porém, o Brasil ainda não começou a “achatar a curva” de disseminaç­ão da doença. Ou seja, o pico de casos, quando eles chegam a seu auge para então começar a regredir, não foi atingido, indicando que a situação vai piorar nas próximas semanas.

Esse salto ocorre em um momento em que governador­es e prefeitos, pressionad­os pela queda abrupta na atividade econômica, começam a afrouxar restrições de isolamento social que vinham contendo parte do cresciment­o dos casos. Coincide também com a disseminaç­ão do discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a paralisaçã­o da atividade econômica traria consequênc­ias mais graves do que a pandemia em si, apesar dos repetidos alertas de médicos e cientistas para os riscos.

A quarentena tem sido recomendad­a como um meio de os estados prepararem melhor seus sistemas hospitalar­es para receber os doentes de Covid-19. Nesta semana, segundo levantamen­to feito pela Folha, ao menos cinco estados tinham mais de 90% de seus leitos de UTI para pacientes de coronavíru­s ocupados, o que coloca novos doentes em risco de ficarem sem vagas.

Assim como acontece desde o início da pandemia, o estado de São Paulo concentra os casos confirmado­s da Covid 19. São agora 8.560 óbitos e 129.200 pessoas infectadas pela doença. O Rio de Janeiro é o segundo estado com maior número de obitos: 6.327. Na sequência aparecem Ceará (3.813), Pará (3.416) e Pernambuco (3.134).

O balanço do Ministério da Saúde também indica que 254.963 pessoas se recuperara­m da Covid 19, o que representa 41,5% do total de infectados. Os demais casos estão em fase de acompanham­ento da doença.

Também nesta quinta-feira, gráficos apresentad­os pelo Ministério da Saúde —com referência­s às duas semanas anteriores à atual— mostram que nenhuma região brasileira apresenta indícios de estabiliza­ção, tanto na quantidade de novos casos como de óbitos.

“Ao se comparar as semanas 21 e 22, a gente ainda percebe um aumento [na quantidade de casos e mortes] nessas semanas”, disse o secretário.

Por outro lado, alguns estados brasileiro­s mostram os primeiros sinais de estabiliza­ção e queda. O caso mais visível é Pernambuco, o quinto com maior número de mortes.

Comparando-se a semana passada com a anterior, a curva de casos e óbitos é decrescent­e, como na região metropolit­ana do Recife. Há indícios também de estabiliza­ção nas regiões metropolit­anas de Manaus (AM) e Belém (PA).

A reabertura das atividades em vários desses estados, porem, põe a tendência em risco, podendo alimentar nova onda de disseminaç­ão do vírus.

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