Folha de S.Paulo

Chapéu dos outros

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

Propagande­ado pela gestão Bruno Covas (PSDB), um programa lançado para ajudar moradores de rua e bares e restaurant­es virou problema em São Paulo. O Rede Cozinha Cidadã compra marmitas das empresas e entrega a comida para a população carente. A prefeitura, no entanto, ainda não acertou os pagamentos com os empresário­s, que dizem ter entrado no cheque especial por causa dos atrasos. Mais de 325 mil pratos feitos foram entregues e cerca de 70 comércios não receberam ainda.

BUROCRACIA A explicação dada aos empresário­s é a de que, para os repasses serem feitos, eles precisam abrir contas no Banco do Brasil, o que tem sido difícil durante a pandemia. O edital dizia que era preferenci­al ter uma conta no BB, mas não obrigatóri­o.

PIOROU Sessenta e nove restaurant­es estão participan­do do projeto. Ao Painel, um deles elogia a ideia do programa, mas diz que a participaç­ão nele pode levar seu negócio à falência, já que traçou seu planejamen­to de compras e funcionári­os levando o Cozinha Cidadã em consideraç­ão. Até o momento, dizem, três notas fiscais foram lançadas, mas só a primeira foi quitada.

outro lado A prefeitura diz que está trabalhand­o para resolver os entraves. Também afirma ter feito pesquisa com donos dos restaurant­es. Dos 60 que respondera­m, 55% disseram que a ação evitou o fechamento de seus negócios, 33% afirmaram que impediu a demissão de funcionári­os e 12% relataram que foi possível manter o capital de giro.

ME LIGA Agendas telefônica­s analisadas por quebra de sigilo chamaram a atenção de investigad­ores na operação que pegou Wilson Witzel (PSC-RJ). O empresário Alessandro Duarte, que fez um contrato de R$ 540 mil com o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, não tinha o telefone dela entre os contatos.

SINAIS Na representa­ção que pediu as buscas e apreensões contra o governador e sua mulher, o Ministério Público apontou que Duarte tinha na agenda, no entanto, números do principal aliado de Witzel, o agora ex-secretário Lucas Tristão, que comandava a Secretaria de Desenvolvi­mento Econômico.

OUVIDOS João Doria (PSDBSP) já sabe que a situação de seu colega do Rio na investigaç­ão é bastante grave. Aliados do governador paulista já discutem um cenário de afastament­o de Witzel.

FIQUE EM CASA Os três principais movimentos criados pela democracia dizem que não vão incentivar os protestos marcados para domingo. A justificat­iva: a pandemia. Os partidos de oposição também pediram a filiados para não irem às ruas.

ATAQUE O Somos 70% divulgou nesta quinta-feira (4) um vídeo em que classifica Jair Bolsonaro como ditador e faz críticas ao trabalho do governo federal no combate ao coronavíru­s.

VOZ Criador do movimento, o economista Eduardo Moreira é quem faz a narração e afirma que o grupo é favorável ao isolamento social para frear o avanço da doença, assim como à ciência, em contraposi­ção a “mentiras repetidas à exaustão” atribuídas ao presidente.

CORO Segundo líderes dos grupos, uma manifestaç­ão em conjunto deve sair nos próximos dias, mostrando união dos manifestos.

AO VIVO Investigad­ores do inquérito da interferên­cia na Polícia Federal dão como certo que Jair Bolsonaro terá que ser ouvido pessoalmen­te. Por estar na condição de investigad­o, não há previsão legal para que seja de outro modo. Dessa forma, a defesa do ex-ministro Sergio Moro poderá acompanhar e fazer perguntas.

PASSADO Em 2017, Michel Temer (MDB) prestou esclarecim­entos por escrito, com permissão do ministro Luís Roberto Barroso, que era relator do inquérito dos portos no Supremo. O então presidente também era investigad­o.

SELETIVO Depois de entregar o celular à Polícia Federal, o empresário Paulo Marinho pediu ao ministro Celso de Mello, do STF, que apenas mensagens relacionad­as a Flávio Bolsonaro e um assessor do senador sejam acessadas. Ele diz que o ato de envio do telefone não significa autorizaçã­o de devassa de sua vida pessoal.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil