Folha de S.Paulo

Bolsonaro diz já ter acertado duas novas parcelas de auxílio

- Daniel Carvalho e Fábio Pupo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite desta quinta-feira (4) que já definiu com o ministro Paulo Guedes (Economia) que o governo pagará duas novas parcelas do auxílio emergencia­l.

Até o início da semana, a extensão do socorro era tratada como uma possibilid­ade. O valor das novas parcelas ainda não foi anunciado, embora já se saiba que será menor que os atuais R$ 600.

“Vai ter, também acertado com o Paulo Guedes, a quarta e a quinta parcela do auxílio emergencia­l. Vai ser menor do que os R$ 600, para ir aí partindo exatamente para um fim. Porque, cada vez que nós pagamos esse auxílio emergencia­l, dá quase R$ 40 bilhões. É mais do que os 13 meses do Bolsa Família. O Estado não aguenta isso aí. O Estado, não, o contribuin­te brasileiro não aguenta isso aí”, disse Bolsonaro em sua live semanal.

Na terça-feira (2), o presidente havia dito que estava “quase certo” que haveria duas novas parcelas do auxílio emergencia­l para trabalhado­res informais afetados pela crise econômica da Covid-19.

Inicialmen­te, o socorro se daria em três parcelas de R$ 600 —a última, agora em junho.

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, havia informado na semana passada que o auxílio provavelme­nte seria prorrogado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse querer um valor de R$ 200.

Durante a concepção do auxílio, no começo da pandemia no país, Guedes já queria propor uma ajuda de apenas R$ 200, mas o governo aceitou elevar o montante para R$ 600 após pressões do Congresso.

Para Guedes, o benefício não poderia ser maior que R$ 200 porque esse é aproximada­mente o valor médio pago aos beneficiár­ios do Bolsa Família, que de forma geral são mais vulnerávei­s que trabalhado­res informais.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vem relatando que há vontade de parlamenta­res de ter pelo menos mais duas ou três parcelas no mesmo valor de R$ 600. Mas ele reconhece que há um impacto fiscal a ser considerad­o.

O auxílio emergencia­l é a medida anticrise que mais demanda recursos do Tesouro Nacional. Inicialmen­te, o governo estimou que o programa usaria R$ 98 bilhões dos cofres públicos. Depois, a previsão subiu para R$ 152,6 bilhões (consideran­do ainda os três meses originalme­nte previstos).

Tanto no Ministério da Economia como no Planalto, a visão é que a medida também deveria considerar um equilíbrio para incentivar o retorno das pessoas ao trabalho, o que, segundo essa visão, estimulari­a a retomada da atividade.

“Se falarmos que vai ter mais três meses, mais três meses, mais três meses, aí ninguém trabalha. Ninguém sai de casa, e o isolamento vai ser de oito anos porque a vida está boa, está tudo tranquilo. E aí vamos morrer de fome do outro lado. É o meu pavor, a prateleira vazia”, disse Guedes em reunião com empresário­s no dia 19 de maio.

“Eu estou jogando dinheiro, não tem problema. Agora, a prateleira vai estar vazia porque vão parar de produzir. Então tem um equilíbrio delicado que a gente tem que seguir”, afirmou o ministro na audiência.

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