Cinco maiores bancos concentram 80% do crédito, diz BC
As cinco maiores instituições financeiras no país (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Santander e Itaú) concentravam 80,7% das operações de crédito no sistema bancário ao fim de 2019.
Os números mostram que o indicador de concentração ficou em patamares similares ao observado nos anos anteriores, mesmo com críticas à concentração feitas pelo ministro Paulo Guedes (Economia).
Os dados foram apresentados pelo Banco Central no relatório sobre a economia bancária e mostram um recuo marginal da concentração ao longo dos últimos três anos. Ao fim de 2017, a participação dos cinco maiores era de 83,4%. Em 2018, de 82,2%.
Contribuiu para essa leve redução a retração de participação dos principais bancos públicos federais. Ela foi, em alguma medida, compensada por um avanço das instituições privadas (mas, segundo o BC, não o suficiente para aumentar a concentração total).
João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, diz que o indicador é importante. Mas afirma que a autarquia vai monitorar cada vez mais outros índices, como os que atestam o nível de competição entre os bancos.
“É perfeitamente possível ter um sistema bancário razoavelmente concentrado e muito competitivo”, afirmou. “É por isso que estamos olhando cada vez mais, estamos dando ênfase crescente aos indicadores de competição.”
O Banco Central costuma defender que certas medidas devem produzir resultados para o aumento da competição. Entre elas, a implantação do chamado open banking (iniciativa que autoriza instituições financeiras a compartilharem entre si dados de clientes), que pode gerar tarifas mais baixas.
No mês passado, Guedes criticou a concentração bancária dizendo que o país é formado por uma população de “trouxas” atendidos por poucos concorrentes. Por isso, ele dizia que haveria mudanças.
“Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagem, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de sermos isso, vai ser o contrário. Teremos centenas, milhares de empresas”, disse no dia 9 de maio.
Os dados do BC mostram também que o lucro das instituições financeiras bateu novo recorde, de quase R$ 120 bilhões, na série apresentada no relatório (iniciada em 1994).
A rentabilidade dos bancos subiu pelo terceiro ano seguido. O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 16,5% em dezembro do ano passado, ante 14,8% no fechamento de 2018.